Carreira internacional pode estar a chegar ao fim
A poucos meses do fim do seu contrato com o Bandırmaspor, da segunda divisão turca, o defesa-central moçambicano Mexer Sitoe, de 35 anos, poderá estar a preparar o adeus definitivo aos relvados europeus.
O jogador, que passou por clubes de renome em França e Portugal, poderá fechar o seu ciclo profissional mais perto de casa, onde a possibilidade de regressar ao Moçambola começa a ganhar força.
Aos 35 anos, o internacional moçambicano mantém-se como uma das figuras mais respeitadas do futebol nacional, não apenas pela sua trajetória nos relvados europeus, mas também pela forma como tem sabido resistir ao tempo e às exigências do futebol de alta competição.
Esta temporada, ao serviço do Bandırmaspor, da segunda divisão turca, Mexer somou 28 jogos e um total de 2.240 minutos em campo, ostentando a braçadeira de vice-capitão e registando uma taxa de sucesso de 68% em duelos aéreos.
Apesar do seu rendimento estável e do papel de liderança que desempenha no clube, o futuro do defesa-central permanece envolto em incerteza.
O contrato que o liga à formação turca termina a 30 de Junho de 2025, mas até ao momento não há sinais concretos de uma renovação.
Nos bastidores, comenta-se que a direção do Bandırmaspor está empenhada num processo de rejuvenescimento do plantel, o que poderá deixar o veterano moçambicano fora dos planos para a próxima temporada.
A perda de velocidade e as lesões musculares, que o afastaram de seis jogos nesta época, são factores que também pesam na equação.
Ainda assim, não se pode excluir totalmente a hipótese de Mexer permanecer por mais um ano na Turquia.
Clubes como o Göztepe e o Altay, também da segunda divisão, estão atentos ao mercado e poderão ver no experiente defesa-central uma peça-chave para consolidar o setor defensivo e, quem sabe, lutar pela promoção à elite do futebol turco.
Para estas formações, que procuram estabilidade defensiva e liderança no balneário, a experiência de Mexer pode ser um ativo valioso.
Mas é em África que se concentram as maiores possibilidades de Mexer encerrar a carreira com emoção e simbolismo.
No Moçambola, principal liga de futebol de Moçambique, há expectativa quanto à possibilidade de o jogador regressar ao país natal para vestir, talvez pela última vez, a camisola de um clube nacional. Uma ideia que agrada a muitos adeptos e que poderia representar uma verdadeira celebração da carreira de um dos mais bem-sucedidos futebolistas moçambicanos da era moderna. Não se descarta, inclusive, uma transição suave para funções técnicas, desempenhando um papel de treinador-jogador — um cenário cada vez mais comum em clubes africanos que valorizam a experiência dos seus veteranos.
No plano regional, há também murmúrios sobre o interesse de clubes da África do Sul, com histórico de investir em jogadores experientes para reforçar os seus projetos desportivos.
A velocidade e a intensidade do futebol sul-africano poderiam ser um teste exigente para Mexer, mas a sua leitura tática e solidez defensiva continuam a ser trunfos valorizados em qualquer campeonato.
Um cenário mais remoto, mas ainda em aberto, passa pelo Médio Oriente. Clubes de ligas menos competitivas, como a Arábia Saudita e o Qatar, poderão ver em Mexer um reforço experiente, ideal para liderar a defesa e inspirar os mais jovens.
Embora a possibilidade seja menos provável, representa uma via financeiramente interessante para o jogador, que atualmente aufere cerca de mil euros semanais.
Não se trata de uma remuneração milionária, mas o estatuto e a experiência de Mexer podem justificar propostas ligeiramente superiores vindas de mercados emergentes.
O futebolista moçambicano não tem, nesta fase, um mercado vasto, mas mantém um valor estratégico claro: liderança, experiência internacional e estabilidade defensiva.
Para clubes que procuram consolidar projetos e dar um salto competitivo, essas qualidades podem ser determinantes. É por isso que, mesmo sem o brilho de outras épocas, o nome de Mexer continua a ser falado nos bastidores de diferentes geografias futebolísticas.
Depois de mais de uma década na elite do futebol europeu, com passagens marcantes pelo Rennes e Bordeaux, em França, e pelo Belenenses e Estoril, em Portugal, Mexer terá, nos próximos dias, de tomar uma das decisões mais importantes da sua carreira.
A escolha entre permanecer mais um ano na Europa, regressar às origens com um projeto nacional ou aceitar um último desafio financeiro no Golfo poderá ditar o fim — ou a reinvenção — de uma carreira recheada de conquistas e reconhecimentos.
As probabilidades atuais apontam para 60% de hipótese de o jogador continuar na Turquia, 30% de regressar a África e 10% de aceitar uma proposta do Médio Oriente, caso surja.
Certo é que o tempo joga contra o defesa moçambicano. A decisão, segundo fontes próximas ao atleta, deverá ser conhecida até ao início de Julho.
Para os adeptos moçambicanos, essa poderá ser a última oportunidade de ver o seu capitão a brilhar dentro das quatro linhas. E, quem sabe, desta vez, em casa — onde tudo começou e onde, talvez, tudo venha a terminar com a dignidade que a sua carreira merece.