Emirados Árabes Unidos reforçam posição como parceiro estratégico de Moçambique
Moçambique e os Emirados Árabes Unidos (EAU) estão a reforçar os laços de cooperação económica, com os EAU a consolidarem-se como um dos principais países investidores no território nacional. A revelação foi feita pelo Embaixador Mahonsour Mohamed Ali Aljuwaied, durante uma audiência de cortesia com a Presidente da Assembleia da República, Margarida Adamugi Talapa, ocorrida no dia 2 de Julho, em Maputo.
Segundo o diplomata, os Emirados ocupam actualmente uma posição de destaque entre os cinco maiores investidores estrangeiros em Moçambique, um cenário que poderá ganhar novo impulso com o fortalecimento das relações institucionais, nomeadamente ao nível do parlamento e da diplomacia económica.
“Nós vemos Moçambique como um parceiro de grande potencial em África. A estabilidade política e as vastas oportunidades de investimento fazem do país um destino atractivo. Estamos prontos para intensificar os nossos investimentos e diversificar as áreas de cooperação”, declarou Aljuwaied.
De acordo com o embaixador, os Emirados Árabes Unidos estão particularmente interessados em investir em sectores com elevado potencial de retorno e impacto social, como as energias renováveis, agricultura sustentável, turismo, infraestruturas logísticas, transportes, mineração e tecnologias de informação.
“A nossa abordagem de investimento baseia-se em criar valor partilhado. Queremos projectos que, além do retorno financeiro, contribuam para a melhoria das condições de vida das comunidades moçambicanas”, garantiu o diplomata.
Nos últimos anos, os EAU têm canalizado investimentos relevantes em Moçambique, com destaque para infraestruturas portuárias e logísticas na Beira e Nacala, bem como iniciativas ligadas à exportação de gás natural e produtos agrícolas.
Tal como referiu Aljuwaied, o objectivo agora é consolidar uma cooperação que vá além das grandes empresas e inclua também parcerias com Pequenas e Médias Empresas (PMEs), iniciativas comunitárias e startups moçambicanas com potencial de crescimento.
A Presidente da Assembleia da República saudou o crescente interesse dos EAU no desenvolvimento de Moçambique, sublinhando que o país está aberto à criação de mecanismos mais eficazes para atrair e facilitar o investimento estrangeiro.
“Temos grandes projectos que, uma vez concretizados, poderão servir como catalisadores para o desenvolvimento regional. A presença de investidores com visão estratégica, como os dos Emirados Árabes Unidos, é essencial para que esses projectos avancem com qualidade e rapidez”, afirmou Talapa.
Moçambique oferece um mercado interno em crescimento, uma localização geoestratégica privilegiada e um conjunto significativo de recursos naturais ainda por explorar. Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio, o volume de trocas comerciais com os EAU ultrapassou os 400 milhões de dólares nos últimos cinco anos, com tendência crescente.
O encontro entre os representantes dos dois países foi descrito por ambos os lados como produtivo e indicativo da vontade política de estreitar as relações económicas bilaterais. Para além do diálogo interparlamentar, está também em curso a possibilidade de assinatura de um memorando de entendimento económico, que deverá estabelecer linhas de cooperação mais robustas entre os sectores produtivos dos dois países.
No campo das trocas comerciais, Aljuwaied indicou que existe espaço para o crescimento do comércio bilateral, especialmente se forem removidos os entraves burocráticos e criadas zonas económicas especiais com facilidades fiscais para investidores estrangeiros.
“A nossa ambição é transformar Moçambique num centro de operações regionais para os nossos empresários, dada a sua proximidade aos mercados da SADC e do Índico”, reforçou.
Especialistas económicos moçambicanos consideram que a intensificação da cooperação com os EAU poderá impulsionar o acesso a tecnologia de ponta, financiamentos competitivos e modelos inovadores de gestão, áreas nas quais o país árabe tem se destacado no cenário internacional.
Contudo, alertam para a necessidade de preparar o ambiente interno, com reformas administrativas, segurança jurídica e garantias institucionais que atraiam e retenham investidores estrangeiros.
“Não basta atrair capital externo. É preciso garantir transparência, segurança jurídica e mecanismos de acompanhamento para que os projectos tenham sustentabilidade a médio e longo prazo”, afirmou à nossa reportagem um analista da área económica que preferiu não ser identificado.
A crescente aproximação entre Moçambique e os Emirados Árabes Unidos sinaliza um novo ciclo de cooperação que, se bem orientado, poderá beneficiar a economia nacional em várias frentes, desde a criação de emprego até à diversificação das exportações.
A assinatura do memorando de entendimento interparlamentar poderá servir como base legal e institucional para acelerar esta nova fase de relacionamento estratégico, onde o investimento, o comércio e o intercâmbio de conhecimentos caminhem lado a lado com a diplomacia política.