Foi lançada Nesta segunda-feira (07 de Julho), em Ressano Garcia, província de Maputo, a primeira coorte do Programa de Formação em Epidemiologia de Campo – Linha de Frente (FETP-Frontline), uma iniciativa liderada pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) em coordenação com o Ministério da Saúde (MISAU) e parceiros multissectoriais, com enfoque na abordagem de Saúde Única e vigilância transfronteiriça.
O programa visa capacitar técnicos que actuam na linha da frente da resposta a surtos e emergências de saúde pública, integrando profissionais das áreas de saúde humana, saúde animal e meio ambiente. Ao todo, participam 15 técnicos de instituições como o INS, Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, e equipas de vigilância sanitária do MISAU.
Esta primeira coorte foi concebida com base na experiência recolhida durante a formação regional de mentores realizada em Junho, em Joanesburgo, liderada pela Rede Africana de Epidemiologia de Campo (AFENET), com apoio técnico do CDC dos Estados Unidos e da JHPIEGO. O conteúdo da formação foi adaptado à realidade moçambicana.
A escolha do posto fronteiriço de Ressano Garcia como local de lançamento é estratégica, considerando o intenso movimento transfronteiriço de pessoas e mercadorias entre Moçambique e a África do Sul. A zona é considerada crítica para a vigilância e controle de doenças transmissíveis, especialmente zoonoses.
Durante o evento de lançamento, foram realizados debates que permitiram identificar vários desafios enfrentados no terreno, como a falta de infraestruturas adequadas para triagem sanitária, dificuldades no acesso à água potável nos postos de entrada e lacunas na digitalização e no fluxo de dados em tempo útil.
A formação aposta em desenvolver competências práticas para melhorar a resposta imediata a surtos, com foco na vigilância baseada em eventos, notificação rápida de casos, análise de tendências e comunicação de risco. A abordagem Saúde Única reforça a colaboração entre sectores para respostas integradas.
O INS afirma que esta iniciativa representa um marco importante para o reforço da vigilância epidemiológica nacional, numa altura em que as ameaças à saúde pública exigem respostas cada vez mais coordenadas, técnicas e sustentáveis. A capacitação dos profissionais será contínua, com módulos teóricos e prática supervisionada no terreno.
Os formandos terão como desafio aplicar os conhecimentos em contexto real, promovendo também a mobilização comunitária e a sensibilização sobre comportamentos de risco, como o contacto com animais silvestres ou consumo de produtos não inspecionados. A comunicação culturalmente adequada será essencial.
O programa deverá ser gradualmente expandido para outras províncias, com o objetivo de criar uma rede nacional de epidemiologistas de campo capazes de responder a surtos com rapidez e eficiência.
A aposta em Saúde Única e vigilância transfronteiriça coloca Moçambique alinhado com as melhores práticas de preparação e resposta a emergências em saúde pública no continente africano.