Por Noel Manhonga Jr- Político/Escritor
É politicamente desonesto e socialmente injusto ver debates sobre a utilidade dos tractores nas zonas rurais serem dominados por vozes urbanas, distantes da realidade que dizem querer analisar. É inconcebível colocar nas televisões, como fez a TV Sucesso, figuras como Albino Manguene e Américo Sozinho para debater sobre a vida nas zonas remotas, quando claramente nunca viveram a escassez, o isolamento e os desafios reais de locais como Mecula, Nipepe ou Majune.
Fazer análise sobre os tractores sem nunca ter sentido na pele a dureza das estradas intransitáveis, do transporte de doentes ao hospital ou do escoamento agrícola, é o mesmo que falar de fome sem nunca ter passado por ela.
A verdade é simples: os tractores são uma solução inteligente e adaptada às zonas rurais, onde as infraestruturas ainda são frágeis e o transporte convencional é inviável. Lá, um tractor pode ser escola móvel, ambulância improvisada, transporte de produção, acesso à cidade e dignidade para o povo.
Os debates devem sair dos estúdios e ir ao terreno. Querem saber se os tractores são úteis? Perguntem às populações se é viável o uso de tractores. Não é o conforto da cidade que define as prioridades do interior.
O ministro tomou esta decisão pensou como verdadeiro servidor público: olhou para o país profundo, e não para os aplausos de quem vive bem servido.
Moçambique precisa de empatia, sensibilidade social e liderança com os pés no chão. Os tractores não são símbolo de atraso são pontes de inclusão para zonas esquecidas por décadas.