Moçambique está a consolidar-se como referência regional na produção de soluções científicas para a saúde infantil, com destaque para o novo ensaio clínico com tecnologia mRNA, voltado ao desenvolvimento de uma vacina mais eficaz contra a tuberculose.
A iniciativa foi anunciada durante o simpósio comemorativo dos 30 anos do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), realizado nesta terça-feira (22) de julho, na cidade de Maputo.
O evento, que reuniu investigadores nacionais e internacionais, membros do Governo e parceiros multilaterais, serviu para reafirmar o papel estratégico do país na luta contra doenças evitáveis e para lançar a “Iniciativa de Tuberculose da Manhiça”, uma plataforma de investigação que visa acelerar o combate à doença, que continua a ser uma das principais causas de mortalidade infantil em Moçambique.
O Secretário Permanente do Ministério da Saúde (MISAU), Ivan Manhiça, destacou que o Executivo está comprometido em reforçar a saúde pública infantil através da ciência, da inovação e de parcerias sólidas. “Vamos continuar a promover a saúde infantil e a combater doenças evitáveis com base em evidências. O CISM tem sido um pilar essencial nesta caminhada”, afirmou.
Manhiça salientou que os avanços obtidos na redução dos casos de malária e tuberculose são resultado da cooperação entre o Estado moçambicano, instituições científicas como a Fundação Manhiça e parceiros internacionais. “Apesar dos progressos, a tuberculose ainda representa uma ameaça real à vida das nossas crianças, sobretudo quando associada ao HIV/SIDA e à exclusão social”, alertou.
O Presidente da Fundação Manhiça, Francisco Salute, informou que Moçambique está actualmente envolvido num estudo clínico internacional que testa uma vacina contra a tuberculose com base na tecnologia mRNA — a mesma utilizada com sucesso nas vacinas contra a COVID-19. “Este é um passo histórico, pois trata-se de uma vacina de nova geração, que poderá alterar radicalmente a forma como enfrentamos a tuberculose”, referiu.
Segundo Salute, a experiência acumulada pelo CISM nas últimas três décadas permite ao país participar de projectos científicos de ponta, com impacto direto na saúde das populações mais vulneráveis. O novo ensaio clínico decorre em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde (INS) e envolve uma abordagem multidisciplinar para enfrentar as doenças respiratórias que afetam as crianças moçambicanas.
“Estamos diante de uma oportunidade de ouro para posicionar Moçambique como centro de referência em inovação biomédica no combate a doenças negligenciadas”, declarou o dirigente da Fundação.
No final do encontro, os participantes reforçaram a necessidade de novos investimentos em pesquisa e em plataformas de desenvolvimento tecnológico que permitam acelerar a resposta nacional às doenças que ainda comprometem os indicadores de saúde infantil. O simpósio serviu também de palco para discussões sobre o futuro da cooperação científica no país, com enfoque nas prioridades da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
Com esta nova fase de investimento em ciência e inovação, Moçambique dá sinais claros de que pretende não apenas beneficiar de soluções externas, mas também contribuir activamente para o conhecimento global no combate às doenças que afetam a infância.