O Presidente do Conselho Municipal de Maputo, Rasaque Manhique, manifestou, nesta sexta-feira, 25 de Julho, forte preocupação com o aumento do descarte irregular de resíduos sólidos na capital do país, sobretudo por parte dos catadores informais que operam na cadeia de reciclagem urbana.
Manhique falava durante um encontro com os principais actores do sector de reciclagem da Cidade de Maputo, que teve como objectivo encontrar estratégias mais eficazes e integradas para combater a degradação ambiental provocada pela má gestão do lixo reaproveitável.
O Edil defendeu que é urgente estabelecer um modelo de acção imediata e coordenada, no qual as empresas de reciclagem, ao receberem resíduos dos catadores, tenham igualmente a responsabilidade de verificar as condições em que os pontos de recolha são deixados após o uso da matéria-prima.
“É importante que todos os intervenientes compreendam que o trabalho de reciclagem deve respeitar os princípios básicos de higiene e ordem pública”, advertiu Manhique, sublinhando que o município está aberto ao diálogo, mas exige responsabilidade.
Durante o encontro, os gestores de empresas de reciclagem mostraram-se disponíveis para colaborar com o município na definição de regras mais claras e funcionais, com vista a melhorar o funcionamento da cadeia de recolha e triagem de resíduos.
“Todos nós estamos preocupados com esta situação e reconhecemos que é preciso agir antes que o problema se agrave”, disse um dos representantes empresariais, destacando a importância de uma abordagem que envolva também as associações de catadores.
Segundo dados do Conselho Municipal, a cidade de Maputo produz diariamente cerca de 1.400 toneladas de resíduos sólidos, uma quantidade que representa um sério desafio para os serviços de saneamento urbano e para a manutenção da salubridade pública.
Apesar do esforço dos serviços de limpeza e dos operadores privados, parte significativa dos resíduos acaba por ser depositada em locais impróprios, contribuindo para a obstrução de valas de drenagem, proliferação de doenças e poluição dos ecossistemas.
O município tem vindo a apostar em campanhas de sensibilização junto das comunidades, no sentido de promover práticas responsáveis de separação e deposição do lixo, mas reconhece que os resultados ainda estão aquém do desejado.
“Precisamos de fazer mais do que campanhas. É necessário implementar medidas práticas e exigentes, sobretudo com quem lida directamente com resíduos para fins comerciais”, frisou Rasaque Manhique, reafirmando o compromisso do município com a higiene e a sustentabilidade ambiental.
Uma das propostas debatidas durante o encontro é a introdução de um sistema de controlo por parte das empresas recicladoras, que poderá incluir a monitorização dos contentores públicos antes e depois da sua utilização pelos catadores.
Outro ponto levantado foi a necessidade de criação de zonas específicas para o armazenamento temporário de resíduos destinados à reciclagem, o que reduziria o impacto ambiental causado pelo descarte em locais aleatórios.
O município considera ainda a possibilidade de rever as licenças de operação para empresas que não colaborarem com as novas directrizes que vierem a ser aprovadas no seguimento deste diálogo com os parceiros do sector.
Os participantes reconheceram que o actual modelo de actuação dos catadores carece de maior organização e regulação, sobretudo na sua relação com os espaços públicos e as infraestruturas de saneamento urbano.
A reunião terminou com o compromisso de se elaborar, nos próximos dias, um plano conjunto de acção entre o Conselho Municipal e as empresas de reciclagem, que inclua medidas operacionais, de fiscalização e de responsabilização directa.
Com este encontro, o Conselho Municipal de Maputo dá um passo importante no fortalecimento da gestão de resíduos sólidos, apostando na corresponsabilização de todos os actores para garantir uma cidade mais limpa, saudável e ambientalmente sustentável.