A Federação Moçambicana de Futebol (FMF), através do Órgão da Primeira Instância da Comissão de Licenciamento de Clubes (CLC), retirou, nesta sexta-feira (25), as licenças de participação no Moçambola ao Textáfrica do Chimoio e ao Desportivo da Matola, por incumprimento das exigências financeiras previstas no regulamento da prova.
A decisão foi tomada após os dois clubes falharem o prazo final, que terminou na passada sexta-feira, para apresentar acordos assinados com os jogadores que comprovassem a intenção de regularizar salários em atraso. O Textáfrica deve dois meses aos seus atletas, enquanto o Desportivo da Matola acumula dívidas referentes a seis meses de salários.
Segundo fontes ligadas ao processo, os clubes foram notificados com antecedência e tiveram cinco dias para apresentar documentação que comprovasse a regularização ou um plano claro de pagamento. A ausência de resposta válida ditou a revogação imediata das licenças para competir na presente edição do Moçambola.
O cenário coloca em risco a presença de ambos os clubes na principal competição do país e levanta preocupações sobre o equilíbrio do campeonato, que poderá agora ser reduzido de 14 para 12 equipas, caso os recursos que venham a ser submetidos não sejam aceites pela Comissão de Apelo da CLC.
Fontes da FMF indicam que os dois clubes têm três dias úteis, a contar desde esta quarta-feira, para apresentar recurso. Sem sucesso na apelação, o afastamento será definitivo e poderá significar a despromoção automática para divisões inferiores.
Esta situação reacende o debate sobre a gestão financeira no desporto nacional, uma vez que o incumprimento contratual com jogadores e técnicos tem sido recorrente em várias agremiações, afetando o rendimento desportivo e a credibilidade das competições.
O Sindicato dos Jogadores de Futebol já havia alertado sobre o agravamento da situação em alguns clubes, tendo enviado denúncias formais à FMF. “A proteção do jogador começa com o respeito pelo contrato”, referiu um representante sindical em declarações ao jornal Desafio.
Com esta medida, a FMF reforça o seu posicionamento em defesa da disciplina financeira e do cumprimento rigoroso das regras de licenciamento, exigindo maior profissionalismo por parte das direções dos clubes nacionais.