O gás natural deve ser encarado como mais do que uma simples fonte de exportação: trata-se de um instrumento estratégico para o desenvolvimento sustentável de Moçambique. Esta foi a principal mensagem partilhada pelo Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Petróleo (INP), Nazário Bangalane, durante o seminário regional “Liderança Parlamentar: Transição Energética e Economia do Petróleo e Gás na SADC”, que decorre até ao dia 31 de Julho, em Maputo.
Representando o Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), o INP participou na sessão plenária do painel “Experiências dos Países: Receitas de Combustíveis Fósseis e a Transição para Energias Renováveis”, onde partilhou a abordagem nacional no aproveitamento do gás natural como energia de transição.
Bangalane destacou que Moçambique adoptou uma Estratégia de Transição Energética que prevê o uso faseado, sustentável e financeiramente viável do gás natural, como passo crucial para uma matriz energética equilibrada e inclusiva.
“Estamos a usar o gás natural como um pilar estruturante do nosso modelo de desenvolvimento económico. Este recurso não só gera receitas e energia mais limpa, como também impulsiona a industrialização e cria oportunidades de emprego qualificado para os moçambicanos”, afirmou.
Um dos pontos altos da intervenção do PCA do INP foi a referência ao projecto Coral Sul FLNG, na Bacia do Rovuma, considerado um marco histórico para a exploração de gás natural em águas ultra-profundas. Com 126 carregamentos de gás liquefeito realizados até Junho de 2025, o empreendimento posiciona Moçambique como um dos principais fornecedores globais.
Este avanço tecnológico e industrial, segundo Bangalane, já está a contribuir significativamente para a segurança energética mundial e demonstra a capacidade de Moçambique em responder às exigências do mercado global sem negligenciar os compromissos climáticos.
O país detém um potencial estimado de 180 triliões de pés cúbicos de gás natural (TCF), uma parte dos quais ainda por explorar. O desafio, segundo o INP, reside na utilização inteligente e estratégica das receitas e infraestruturas geradas por este sector.
“A chave está em transformar os ganhos fiscais e o conhecimento técnico adquiridos em bases sólidas para diversificar a matriz energética nacional e garantir benefícios sustentáveis para as futuras gerações”, enfatizou o dirigente.
O INP assegura que continuará a aplicar uma regulação técnica rigorosa, alinhada com as melhores práticas internacionais e os compromissos ambientais assumidos por Moçambique nos fóruns globais sobre alterações climáticas.
Além de autoridades nacionais, o seminário conta com a participação de parlamentares da região da SADC, especialistas em energia, representantes da sociedade civil e instituições governamentais, numa plataforma que visa reforçar o papel do poder legislativo na condução da transição energética.
A Assembleia da República organizou o evento em parceria com o Fórum Parlamentar da SADC (SADC PF), a Southern Africa Resource Watch (SARW) e o Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), reconhecendo a necessidade de harmonizar políticas nacionais com os desafios energéticos globais.
Para os organizadores, o envolvimento activo dos parlamentos é crucial para assegurar uma governação mais transparente, participativa e centrada nas necessidades dos cidadãos em matéria de energia e clima.
Com um olhar no futuro, o INP reafirma o compromisso de tornar o gás natural um catalisador de progresso, garantindo que a transição energética de Moçambique não seja apenas tecnicamente viável, mas também socialmente justa e economicamente vantajosa.







