A Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Celma Meque, alertou esta quinta-feira, em Maputo, para o crescimento preocupante da frequência e intensidade dos ciclones tropicais no país, associando o fenómeno às mudanças climáticas e aos seus impactos diretos sobre a segurança nacional.
Falando no Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente General Armando Emílio Guebuza (ISEDEF), no âmbito do módulo de “Segurança Económica” do Curso de Defesa Nacional, Meque destacou que Moçambique registou apenas três ciclones na década de 1980, seis na década de 2010 e um número alarmante de 12 ciclones apenas na primeira metade da década de 2020.
Além da quantidade crescente, a intensidade também aumentou de forma expressiva, com ventos superiores a 200 km/hora desde os anos 1990. Entre os casos mais severos, a dirigente citou Idai e Kenneth (2019), Gombe (2022), Freddy (2023), Chido (2024), Dikeledi (2025) e Jude (2025), todos com ventos próximos de 250 km/h.
Segundo Meque, a situação exige medidas robustas de adaptação e resposta, uma vez que as mudanças climáticas representam não apenas uma ameaça ambiental, mas também um desafio estratégico para a segurança dos Estados.
No caso de países costeiros como Moçambique, a subida do nível do mar provoca inundações, erosão e perda de território, forçando migrações para o interior e aumentando a pressão sobre ecossistemas e infraestruturas locais.
A Presidente do INGD enfatizou que o sistema de gestão e redução do risco de desastres requer forte articulação com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, que desempenham papel relevante nas ações de prontidão, resposta e reconstrução pós-desastres.
Para enfrentar o cenário projetado, Meque defendeu maior especialização das forças de segurança para detecção precoce de ameaças e reforço da cooperação interestadual, de modo a prevenir crises humanitárias e salvaguardar a soberania nacional.
O apelo foi feito no encerramento da sua intervenção, sublinhando que a adaptação às mudanças climáticas deve deixar de ser vista como um objetivo secundário e passar a ser prioridade de governação e segurança no país.