Durante uma recente análise sobre os desafios estruturais do setor empresarial em Moçambique, Albino Forquilha, presidente do partido Podemos, criticou com veemência a politização das Confederação das Associações Económicas de Moçambique, uma organização não governamental que representa o setor privado, atuando como parceira oficial do Governo no diálogo para a promoção de um melhor ambiente de negócios através de reformas económicas e regulamentares,está fortemente alinhados a interesses partidários, factor que compromete o desenvolvimento econômico nacional e distorcer o funcionamento do setor privado.
Segundo Forquilha, “a CTA, tal como está organizada atualmente, não consegue separar o poder político das decisões empresariais, o que cria uma situação em que recursos, investimentos e oportunidades de crescimento são distribuídos de acordo com afinidades partidárias, e não com critérios de mérito ou eficiência”.
O líder partidário destacou que muitos membros influentes da associação participam de negociações internacionais e viagens oficiais com o Presidente da República, mas que nem sempre demonstram comprometimento com a operação efetiva de suas próprias empresas, comprometendo assim a credibilidade da CTA como representante do setor privado.
Forquilha sublinhou que essa politização impede que empresas de menor porte ou menos conectadas politicamente tenham acesso a financiamentos e oportunidades, enquanto grupos alinhados a interesses partidários recebem tratamento preferencial, criando um ciclo de favorecimento que prejudica o crescimento econômico sustentável.
“O problema não é apenas simbólico”, afirmou. “Quando membros da CTA assinam acordos internacionais ou participam de eventos empresariais sem compromisso efetivo com seus próprios negócios, eles acabam priorizando interesses políticos em detrimento do desenvolvimento real do país.”
Albino Forquilha também apontou que essa situação afeta diretamente a relação do setor empresarial com o Estado, já que decisões estratégicas sobre concessões, incentivos e políticas públicas muitas vezes são moldadas para atender interesses partidários em vez de refletir necessidades econômicas coletivas.
O presidente do Podemos ressaltou que a credibilidade da CTA está intrinsecamente ligada à sua capacidade de representar todos os empresários de forma equitativa e transparente, e que a atual estrutura politizada compromete essa função, desestimulando a inovação e a competitividade empresarial.
“Não há como uma associação empresarial cumprir seu papel de fomentar o crescimento econômico se continua a ser utilizada como instrumento político”, afirmou, destacando que a situação reforça desigualdades históricas e limita a inclusão de novos atores no mercado.
Forquilha alertou que a concentração de poder dentro da CTA favorece apenas um círculo restrito de empresários, enquanto aqueles sem vínculos partidários ficam à margem, impossibilitados de influenciar decisões estratégicas ou acessar apoio financeiro, o que contribui para a perpetuação de um ambiente econômico desigual e pouco competitivo.
O líder político ainda afirmou que os mecanismos internos da CTA muitas vezes permitem que investimentos e recursos sejam direcionados para projetos vinculados a interesses políticos, enquanto iniciativas inovadoras ou de menor porte, que poderiam gerar crescimento e empregos, permanecem ignoradas.
“É um ciclo que precisa ser quebrado”, disse Forquilha, “porque enquanto a associação continuar a priorizar interesses políticos em detrimento do mérito, a confiança do setor privado e do público será comprometida, e o país continuará a perder oportunidades estratégicas de desenvolvimento.”
Em sua análise, Albino Forquilha também destacou a necessidade de fiscalização independente e mecanismos claros de governança dentro da CTA, para assegurar que decisões sejam tomadas de forma imparcial e transparente, protegendo os interesses do setor privado e do país como um todo.
Para ele, exemplos internacionais, como instituições independentes no Quênia, mostram que é possível garantir supervisão eficaz sobre decisões estratégicas, com mandatos fixos e autonomia institucional, evitando que interesses políticos comprometam resultados e investimentos.
Forquilha criticou ainda o fato de que, na prática, os recursos públicos e incentivos destinados ao setor empresarial muitas vezes acabam servindo para reforçar privilégios de grupos politicamente conectados, em detrimento de empresas que poderiam dinamizar a economia e gerar empregos em larga escala.
“A CTA deveria funcionar como catalisadora do crescimento econômico e da inovação, mas, enquanto continuar partidarizada, será apenas um instrumento de poder político e não uma entidade de representação legítima do setor privado”, concluiu.
O presidente do Podemos ressaltou que, para reverter essa situação, é urgente implementar reformas estruturais, incluindo conselhos consultivos independentes, critérios claros de eleição e atuação dos membros, e mecanismos de transparência e fiscalização que garantam que a associação funcione com base em mérito e necessidade econômica, e não em interesses partidários.
Forquilha também destacou que a exclusão de empresas menos politicamente conectadas compromete a diversidade econômica e a capacidade de inovação do país, refletindo negativamente na competitividade e na capacidade do setor privado de contribuir efetivamente para o desenvolvimento nacional.
“Enquanto os mecanismos internos continuarem a favorecer um grupo restrito de empresários ligados a partidos, não haverá confiança suficiente para atrair novos investidores, estimular a economia ou implementar políticas públicas que atendam a todos os setores de forma justa”, afirmou.
Ele enfatizou que a criação de estruturas de governança independentes dentro da CTA, com mandatos fixos e fiscalização imparcial, seria fundamental para assegurar que decisões sobre investimentos, concessões e incentivos reflitam objetivos estratégicos nacionais, e não interesses políticos individuais.
Albino Forquilha também sublinhou que, sem essas mudanças, a CTA continuará a perpetuar um ciclo de exclusão e favorecimento que distorce o mercado, aumenta desigualdades e desestimula a participação de novos atores no setor econômico.
Para ele, a associação precisa urgentemente repensar sua missão e estrutura, adotando critérios técnicos e transparentes, fortalecendo a confiança do setor privado e garantindo que as decisões estratégicas contribuam efetivamente para o desenvolvimento econômico do país.
“A situação atual é insustentável”, concluiu Forquilha. “Se quisermos que a CTA seja um verdadeiro motor de crescimento, inovação e competitividade, é necessário separar de forma clara os interesses políticos das decisões empresariais, estabelecendo mecanismos de transparência e fiscalização que assegurem que todos os empresários, independentemente de sua filiação política, tenham oportunidades justas de participação e crescimento.”
Ele finalizou afirmando que, sem essas reformas, o país corre o risco de manter uma associação empresarial que privilegia elites politicamente conectadas em detrimento do interesse coletivo e da sustentabilidade econômica de Moçambique.








