As recentes movimentações na RENAMO expuseram mais uma vez fragilidades na coesão interna do maior partido da oposição em Moçambique. O presidente Ossufo Momade acusou o general Elias Dhlakama e Alfredo Magumisse de liderarem ações que visam desestabilizar o partido, incluindo o encerramento de delegações provinciais e tentativas de bloqueio da sede nacional.
Segundo Momade, os episódios começaram nas províncias, onde algumas delegações foram fechadas por ex-guerrilheiros sob orientação de Dhlakama e Magumisse. A escalada para a sede do partido em Maputo evidencia, para ele, uma estratégia coordenada para pressionar a liderança e enfraquecer a autoridade central.
O líder da RENAMO explicou que recebeu informações da sociedade civil sobre a intenção de alguns elementos de dialogar com a direção, mas que se tratava de uma manobra para legitimar a presença de Dhlakama e Magumisse na sede. “Eu sabia que esses dois são os autores da vinda daqueles que saíram das províncias para estarem na sede nacional”, afirmou.
Momade classificou a situação como uma tentativa de assalto ao poder dentro do partido, enfatizando que os militantes não necessitam de intermediários para dialogar com a direção. “Enquanto eu estiver a dirigir o partido, nunca vão assaltar o poder. Eu os desafio”, declarou.
A acusação coloca em evidência a dificuldade de conciliar diferentes correntes internas e de gerir a memória histórica do partido, especialmente no que se refere a figuras ligadas à guerra e à transição política, como Dhlakama e Magumisse.
Analistas políticos consideram que episódios como este testam a maturidade institucional da RENAMO e podem influenciar a percepção pública sobre a capacidade do partido de se renovar e manter unidade antes de eleições futuras.
O debate interno também levanta questões sobre governança partidária: como equilibrar o respeito a lideranças históricas com a necessidade de implementar práticas modernas de tomada de decisão e transparência? A resposta a esta pergunta poderá definir o futuro da RENAMO.
Enquanto isso, a população e a sociedade civil acompanham com atenção as movimentações, preocupadas com a estabilidade política e a credibilidade das instituições democráticas. Para muitos, as tensões internas da RENAMO refletem desafios mais amplos do sistema político moçambicano.
O episódio reforça a ideia de que a consolidação da oposição em Moçambique depende não apenas de carisma individual ou legado histórico, mas também da capacidade de construir consenso, respeitar regras internas e gerir divergências de forma institucionalizada.