Antes da sua intervenção na 80ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, falou à imprensa em Nova Iorque sobre a instabilidade no leste do seu país, acusando o Ruanda de não respeitar os compromissos assumidos no acordo de Washington.
“O recente cenário, evidentemente, não é animador. Apesar da assinatura do acordo de Washington entre o Ruanda e a RDC, as ações no terreno não estão a evoluir”, afirmou o chefe de Estado congolês, sublinhando que a violência persiste nas zonas mais afectadas pelo conflito.
Tshisekedi acusou ainda Kigali de agir em contradição com os compromissos assumidos. “É preciso compreender por que razão o Ruanda, que sofreu pressão devido ao acordo, continuou, através dos seus auxiliares do M23, a fazer aquilo pelo qual foi sancionado”, disse.
Segundo o Presidente congolês, embora o Ruanda afirme ter retirado as suas forças, na prática as tropas continuam presentes em solo congolês, prestando apoio ao movimento rebelde M23, que tem protagonizado confrontos na região.
As declarações surgem num contexto em que a RDC procura mobilizar apoio internacional para lidar com os desafios de segurança no leste, onde milhões de pessoas vivem em situação de deslocamento forçado devido aos ataques armados.
A tensão entre Kinshasa e Kigali tem sido uma das principais preocupações da comunidade internacional, que procura soluções diplomáticas para evitar a escalada do conflito e promover a estabilidade na região dos Grandes Lagos.
A partir desta terça-feira e durante seis dias, cerca de 200 líderes mundiais participam no debate geral da 80ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, sob o lema “Melhores juntos: mais de 80 anos ao serviço da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos”.
Tshisekedi deverá aproveitar a sua intervenção para reforçar o apelo à solidariedade internacional e denunciar as alegadas violações do acordo por parte do Ruanda.
O conflito no leste da RDC continua a ser um dos mais complexos e prolongados em África, com raízes históricas e implicações regionais que envolvem vários actores armados.
Com a atenção global centrada em Nova Iorque, o Presidente congolês procura garantir que a situação no seu país não seja esquecida entre os grandes desafios internacionais que marcam a agenda das Nações Unidas.