A Ordem dos Médicos de Moçambique anunciou a suspensão do reconhecimento automático dos diplomas emitidos pela Universidade “Chipande”, uma instituição privada que vem formando profissionais de saúde nos últimos anos.
A decisão foi tomada após surgirem preocupações relacionadas com a qualidade da formação oferecida no curso de Medicina, nomeadamente quanto ao rigor académico, carga horária e prática clínica.
De acordo com fontes ligadas à Ordem, foi criada uma Comissão de Avaliação que, nos próximos dias, deverá apresentar um relatório conclusivo sobre a real capacidade da universidade para formar médicos com as competências exigidas.
A comissão terá como missão analisar os conteúdos programáticos, a qualificação do corpo docente, as infraestruturas disponíveis e as condições de estágio prático nos hospitais de referência.
Enquanto durar o processo de avaliação, os recém-formados pela “Chipande” ficam impedidos de obter inscrição na Ordem dos Médicos, um passo obrigatório para o exercício legal da profissão em Moçambique.
A medida está a gerar desconforto entre estudantes e recém-licenciados, que veem o seu futuro profissional em risco. Muitos alegam ter investido anos de esforço e recursos financeiros sem garantia de reconhecimento imediato.
“Estudámos com sacrifício, suportámos propinas elevadas e agora corremos o risco de ficar parados, sem poder exercer a profissão que escolhemos”, desabafou um dos graduados, sob anonimato.
Do lado da Ordem, a posição é clara: o objetivo é salvaguardar a qualidade do sistema de saúde, garantindo que apenas profissionais devidamente preparados chegam aos hospitais e centros de saúde.
Especialistas do sector afirmam que a medida pode constituir um precedente importante na regulação do ensino da Medicina no país, levando outras universidades privadas a reforçarem a exigência de qualidade nos seus programas.
Segundo analistas, esta é também uma oportunidade para o Estado rever o processo de acreditação e supervisão das instituições privadas de ensino superior, de forma a evitar que jovens formados fiquem desamparados no mercado de trabalho.
A Universidade “Chipande” ainda não reagiu oficialmente à decisão da Ordem, mas fontes internas admitem que a suspensão poderá afetar a imagem da instituição e a confiança dos novos candidatos.
Para os estudantes, resta a expectativa em torno do relatório da Comissão de Avaliação, que poderá definir se os diplomas emitidos terão ou não validade perante a Ordem.
Caso a universidade seja aprovada, os recém-graduados poderão finalmente inscrever-se e exercer. Mas se as falhas forem confirmadas, o futuro dos formados pela “Chipande” ficará em aberto, levantando um debate nacional sobre a responsabilidade no ensino da Medicina.