O Tribunal Judicial da Cidade de Xai-Xai, em Gaza, condenou nesta terça-feira a influencer digital, pastora e activista Artimiza Magaia a três meses de prisão e ao pagamento de 2 milhões de meticais ao empresário e político Agostinho Vuma, por crimes de difamação e calúnia.
A sentença está ligada a vídeos publicados por Magaia durante as eleições internas da Frelimo em 2024, nos quais acusava Vuma de comprar votos para garantir a sua candidatura à Assembleia da República. As declarações ganharam grande repercussão nas redes sociais e, segundo a acusação, mancharam a imagem do empresário, então presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
Nos vídeos exibidos em tribunal, Magaia chegou a falar em “dinheiro de sangue” e insinuou que o apoio financeiro de Vuma teria servido para manipular o processo eleitoral. Confrontada com as imagens, a activista admitiu ter agido por ressentimento, embora tenha esclarecido que os 30 mil meticais que recebeu do empresário foram solicitados por ela própria para apoiar a sua campanha enquanto candidata a deputada.
Apesar do arrependimento demonstrado em audiência e do pedido de clemência da defesa, o juiz concluiu que Magaia “agiu de forma consciente e deliberada”, determinando a pena de prisão e a indemnização. O montante fixado foi inferior aos 5 milhões de meticais inicialmente exigidos por Vuma.
O caso, já apelidado de “dinheiro de sangue”, volta a colocar em debate o peso das redes sociais no cenário político moçambicano e os limites da liberdade de expressão quando confrontada com a honra individual.
Antes do encerramento da sessão, Magaia pediu desculpas públicas a Vuma e ao tribunal, reconhecendo que “o peixe morre pela boca”.