A petrolífera italiana Eni confirmou a assinatura da Decisão Final de Investimento (FID) para o projeto Coral Norte, avaliado em 7,2 mil milhões de dólares norte-americanos. O anúncio marca um passo decisivo na consolidação de Moçambique como referência mundial na produção e exportação de gás natural liquefeito (GNL).
Com início de produção previsto para 2028, o Coral Norte será capaz de disponibilizar 3,5 milhões de toneladas anuais de GNL, reforçando significativamente a capacidade do país no setor energético e projetando-o no mapa das grandes potências exportadoras.
Segundo as estimativas, o projeto deverá gerar 23 mil milhões de dólares em receitas ao longo de 30 anos, montante que representa uma oportunidade estratégica para o crescimento económico e social de Moçambique.
No campo do emprego, estão previstos mais de 1.400 postos de trabalho diretos destinados a cidadãos moçambicanos, um indicador que reforça o compromisso da Eni com a inclusão local e com a transferência de competências técnicas para os recursos humanos nacionais.
Um dos aspetos mais relevantes prende-se com a reserva de 25% da produção para o mercado interno. Esta medida visa responder às necessidades energéticas de Moçambique, assegurando não apenas o abastecimento doméstico, mas também a criação de condições para a industrialização e diversificação da economia.
Para o governo, a decisão da Eni representa um voto de confiança no ambiente de negócios do país e confirma o potencial de Moçambique como destino seguro para grandes investimentos internacionais.
Fontes ligadas ao setor energético destacam que este projeto complementa o Coral Sul FLNG, já em operação, consolidando a Bacia do Rovuma como uma das mais promissoras reservas de gás natural do mundo.
O impacto não será apenas económico. Especialistas apontam que o Coral Norte pode contribuir para a redução da dependência energética regional, abrindo espaço para que Moçambique se torne fornecedor estratégico para mercados da Ásia e da Europa, sobretudo num contexto global de transição energética.
O projeto deverá ainda ter efeitos multiplicadores em setores como transportes, serviços e comércio, criando cadeias de valor que beneficiarão pequenas e médias empresas nacionais.
Apesar do otimismo, analistas sublinham a importância de uma gestão transparente e eficiente das receitas do gás, de forma a garantir que os ganhos do Coral Norte se traduzam em melhorias visíveis para a população, em áreas como educação, saúde e infraestruturas.
Por sua vez, organizações da sociedade civil têm insistido na necessidade de adotar mecanismos de fiscalização independentes, para evitar que os recursos sejam desviados ou mal geridos, como aconteceu em experiências de outros países ricos em recursos naturais.
Para a Eni, o Coral Norte simboliza não apenas um investimento económico, mas também um compromisso de longo prazo com o desenvolvimento sustentável de Moçambique. A empresa reforçou que continuará a trabalhar em parceria com as autoridades nacionais para garantir benefícios sociais tangíveis.
O projeto surge igualmente num momento em que Moçambique procura diversificar a sua economia e reduzir a dependência das importações de combustíveis, abrindo caminho para maior estabilidade energética e competitividade industrial.
Com o arranque da nova unidade, previsto para 2028, o Coral Norte será mais do que uma infraestrutura de gás: será um símbolo da confiança internacional no futuro de Moçambique e um catalisador para a transformação económica do país.