O roubo sistemático de tampas de drenagem e sarjetas está a transformar-se numa das maiores preocupações dos residentes da Cidade de Maputo. Para muitos, o problema deixou de ser apenas uma questão de vandalismo urbano e passou a configurar uma ameaça real à segurança pública.
Automobilistas e peões denunciam diariamente os riscos que correm ao circular em estradas e passeios onde caixas de drenagem permanecem abertas. Há relatos de quedas, danos em viaturas e até de acidentes graves provocados por esta prática criminosa.
Face ao agravamento da situação, as autoridades municipais decidiram reforçar o combate ao comércio ilegal de metais. A Polícia Municipal e a Empresa Municipal de Saneamento e Drenagem (EMSD) lançaram uma operação conjunta de fiscalização a sucatas e pontos de venda suspeitos.
O objetivo é simples: rastrear o destino das tampas furtadas e responsabilizar aqueles que alimentam a cadeia de receptação. Mas a iniciativa vai além da repressão, procurando também sensibilizar os comerciantes sobre os riscos legais e sociais de aceitar este tipo de material.
Para os residentes, a operação chega em boa hora. Muitos consideram que, durante demasiado tempo, o problema foi ignorado, permitindo que os ladrões atuassem com impunidade. Agora, exigem que a fiscalização seja permanente e não apenas uma resposta temporária.
A EMSD recorda que as consequências do roubo não se limitam aos acidentes. A ausência das tampas compromete o sistema de drenagem da cidade, expondo Maputo a inundações mais severas durante a época chuvosa.
A Polícia Municipal, por seu turno, tem deixado claro que não haverá tolerância para quem se envolver na compra destes objetos. Os recetadores arriscam-se a enfrentar processos criminais e sanções severas.
Ao mesmo tempo, os munícipes são chamados a colaborar, denunciando suspeitos ou fornecendo informações que possam ajudar a desmantelar as redes de comercialização ilícita. Sem esse envolvimento, alertam as autoridades, será difícil erradicar o problema.
Moradores de bairros como Malanga, Xipamanine e Chamanculo apontam as sucatas como locais de destino frequente das tampas desaparecidas. Alguns afirmam que o comércio ilícito é feito às claras, sem receio da fiscalização.
Analistas urbanos defendem que é preciso olhar para o fenómeno de forma estruturada. Consideram que o combate não pode resumir-se a operações pontuais, mas deve incluir campanhas educativas, maior iluminação pública e reforço policial nos pontos mais críticos.
Há também quem veja no fenómeno um reflexo das fragilidades sociais e económicas da capital. O recurso ao furto de metais, dizem, está ligado à falta de emprego e ao crescimento da economia informal, onde as sucatas se tornam alternativas de rendimento rápido.
Apesar das dificuldades, a operação em curso traz esperança de mudança. Organizações comunitárias já se disponibilizaram a colaborar, afirmando que a proteção da infraestrutura urbana deve ser uma causa de todos.
Para Maputo, a mensagem é clara: o roubo de tampas deixou de ser tolerado. A cidade está a mobilizar-se para recuperar o espaço público e devolver segurança aos seus cidadãos.