O Secretário de Estado de Nampula, Plácido Pereira, afirmou nesta quinta-feira (2) de Outubro, que a criação do Banco de Desenvolvimento de Moçambique será um motor de arranque essencial para implementação de projetos e iniciativas nas comunidades. A declaração foi feita durante uma auscultação pública realizada na Província de Nampula, que reuniu representantes governamentais, sociedade civil, académicos e líderes comunitários.
Na ocasião, Pereira defendeu que não há dúvidas quanto à pertinência da nova instituição. “Nas contribuições que tivemos aqui ficou patente que é preciso avançar. Não há dúvidas dos resultados positivos que este banco vai trazer para o desenvolvimento”, disse, acrescentando que o banco permitirá um financiamento mais direto e menos burocrático das iniciativas locais.
O encontro em Nampula foi marcado por um debate amplo sobre os mecanismos de implementação e a importância de uma instituição financeira dedicada a apoiar projetos comunitários. Os participantes destacaram a necessidade de soluções que ultrapassem entraves burocráticos e facilitem o acesso a fundos.
Para Pereira, a criação do Banco de Desenvolvimento é uma resposta estratégica às necessidades do país. “É urgente termos uma estrutura capaz de financiar projetos, especialmente aqueles ligados à cadeia de valor dos recursos de que Moçambique é rico”, afirmou.
No mesmo evento, o coordenador das reformas económicas no Ministério das Finanças, João Macaringue, explicou que o banco terá como missão cobrir lacunas de financiamento em setores produtivos ainda pouco explorados. “Temos muita matéria-prima. É preciso ter recursos para transformar esses recursos em produtos acabados, sem muita burocracia”, defendeu.
Apesar das promessas, analistas e líderes comunitários levantaram questões críticas. Para a economista Fátima Machava, especialista em políticas públicas, a criação do banco é uma boa intenção, mas carece de um plano sólido. “Um banco de desenvolvimento só terá impacto real se existir um modelo claro, com garantias de financiamento, gestão transparente e mecanismos de fiscalização independentes”, disse ao isocnews.
Líderes comunitários presentes na auscultação também apontaram preocupações. Questionaram como serão definidos os critérios de seleção dos projetos, quais regiões terão prioridade e como se assegurará que os recursos cheguem às comunidades mais carenciadas.
Para o analista financeiro Joaquim Nhaca, ouvido pelo isocnews, “o desafio maior não é criar o banco, mas sim garantir que ele não se transforme numa estrutura burocrática como tantas outras”. Nhaca sublinha a importância de uma gestão independente e mecanismos de acompanhamento que impeçam desvios ou má aplicação dos fundos.
Por outro lado, o Secretário de Estado manteve a confiança no projeto e reforçou que a sua criação é um passo decisivo para dinamizar a economia local. “Este banco vai responder aos anseios das comunidades e acelerar o desenvolvimento local”, disse Pereira.
A auscultação terminou com um apelo para que o processo avance rapidamente, mas também com alertas sobre a necessidade de clareza quanto ao funcionamento e gestão do banco. Não foi anunciada uma data concreta para a sua criação, mas as autoridades garantem prioridade à iniciativa.
Especialistas sublinham que a instituição terá sucesso apenas se for acompanhada por uma estratégia robusta que inclua formação, gestão transparente e critérios claros para financiamento. Sem isso, o banco arrisca tornar-se mais uma promessa incumprida.
Enquanto o debate continua, a proposta permanece sob análise, com a expectativa de que o Banco de Desenvolvimento possa, de facto, transformar o financiamento comunitário e impulsionar o desenvolvimento económico sustentável.