A despedida de Feliciano Jone, conhecido nos relvados por Nené ou Dalinha, representa mais do que o fim de um vínculo contratual, simboliza o encerramento de uma etapa no projeto desportivo do Black Bulls.
O avançado, que vestiu a camisola do clube durante três temporadas e alcançou a marca de 100 jogos, deixa para trás uma herança que mistura liderança, carisma e profissionalismo.
No momento em que o clube confirma a saída, o ambiente é de gratidão, mas também de reflexão. O Black Bulls, que se consolidou como uma das principais forças do futebol moçambicano, parece agora entrar num processo de renovação natural, preparando-se para redefinir a sua identidade sem um dos jogadores que mais contribuíram para o espírito competitivo do grupo.
Desde a sua chegada em 2022, Nené foi mais do que um atleta. Tornou-se um símbolo de estabilidade num plantel em constante transformação, um exemplo para os mais jovens e um rosto facilmente reconhecido pelos adeptos. O seu desempenho regular e a capacidade de decidir jogos em momentos de pressão reforçaram a imagem de um jogador completo e comprometido.
Mas, ao contrário de despedidas silenciosas, a saída de Nené convida a uma discussão sobre o que o clube pretende ser no futuro. A aposta em talentos emergentes e a gestão de uma nova geração de atletas colocam o Black Bulls perante um desafio inevitável: equilibrar a renovação do plantel com a manutenção da sua identidade vencedora.
Dentro do balneário, a notícia da sua partida foi recebida com emoção. Companheiros de equipa e membros da comissão técnica destacaram a influência positiva de Nené, tanto nas vitórias como nos momentos difíceis. “Era um jogador que unia o grupo e dava exemplo pela atitude”, confidenciou uma fonte ligada ao clube.
A trajetória do avançado começou no Textáfrica, onde o talento natural chamou atenção desde cedo. Depois, no Costa do Sol, consolidou o seu nome entre os principais jovens valores do futebol nacional. No Black Bulls, encontrou o espaço ideal para crescer e transformar potencial em maturidade competitiva, conquistando títulos e o respeito dos adversários.
Nos 100 jogos que disputou, Nené marcou e assistiu com regularidade, mas o que mais o distinguiu foi a consistência. Em um campeonato onde as transferências são frequentes e o equilíbrio é instável, manteve um padrão de rendimento que o tornou um dos rostos mais constantes do projeto desportivo de Tchumene.
A direção do Black Bulls fez questão de destacar, na nota oficial, o impacto humano do jogador. “Nené ajudou-nos a construir a nossa cultura de trabalho. Foi parte essencial da nossa caminhada”, lê-se no comunicado, que termina com um agradecimento simbólico “Uma vez Bull, sempre Bull”.
Para os adeptos, a notícia desperta sentimentos mistos: orgulho por tudo o que foi conquistado e nostalgia pelo fim de uma era. Nas redes sociais, multiplicam-se mensagens de apoio e reconhecimento, lembrando golos históricos e momentos de superação que ajudaram a escrever capítulos dourados na curta, mas intensa história do clube.
A saída do avançado coincide com um período de transição estratégica, no qual o Black Bulls parece apostar em rejuvenescimento e sustentabilidade desportiva. A substituição de figuras emblemáticas por novos talentos é um risco calculado, mas inevitável num projeto que ambiciona longevidade.
Quanto a Nené, o futuro ainda é incerto, mas a sua imagem está consolidada no panorama do futebol moçambicano. Independentemente do destino, leva consigo a reputação de um profissional exemplar e o reconhecimento de quem sempre honrou a camisola que vestiu.
A despedida de Nené, mais do que um adeus, é o reflexo de um clube que amadurece. Um ciclo termina, outro começa e, como no futebol, a história continua, com o legado do avançado a ecoar nas bancadas do Black Bulls.







