Moçambique deverá receber, em novembro, uma missão técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), num momento em que o Governo intensifica a implementação do seu novo programa económico. A iniciativa surge como parte de uma estratégia mais ampla de reforço da credibilidade financeira do país e de consolidação das reformas que visam estabilizar a economia nacional.
O anúncio foi feito após um encontro entre o Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, e o Vice-Director-Geral do FMI, Bo Li, realizado em Washington. A reunião marcou o início de um diálogo mais próximo entre Moçambique e a instituição financeira, centrado em questões de política fiscal, gestão da dívida e dinamização de sectores produtivos.
Mais do que uma simples missão técnica, a visita do FMI é vista como um sinal de confiança internacional nas medidas de reestruturação que o Governo vem implementando. A instituição tem acompanhado o processo de consolidação orçamental, a modernização do sistema fiscal e o esforço de transparência na gestão dos recursos públicos.
De acordo com fontes ligadas à delegação moçambicana, o FMI reconheceu avanços no controlo da inflação, na estabilidade cambial e na melhoria da execução orçamental, embora tenha sublinhado a importância de acelerar reformas voltadas à diversificação económica e à criação de emprego.
O novo programa económico do Governo, que servirá de base à missão de novembro, privilegia a produção interna e o fortalecimento da economia real. A aposta passa por sectores como a agricultura, indústria transformadora, turismo e serviços, vistos como motores de crescimento sustentável e de geração de rendimento.
Daniel Chapo defende que o sucesso económico de Moçambique não deve depender apenas dos recursos naturais, mas sim de uma economia diversificada e resiliente. Para o Chefe de Estado, a parceria com o FMI deve servir como plataforma para desenvolver capacidades locais e fortalecer a governação económica.
A dimensão técnica do apoio do FMI incluirá consultoria em gestão fiscal, reformas institucionais e formação de quadros nacionais. Esta abordagem pretende criar bases sólidas para uma administração pública mais eficiente e orientada para resultados concretos no médio prazo.
Segundo analistas, o envio da missão do FMI reflecte o reposicionamento de Moçambique no sistema financeiro internacional, após anos de restrições e desafios reputacionais. O país tem mostrado sinais de disciplina macroeconómica e de recuperação gradual da confiança dos mercados e parceiros multilaterais.
A presença do FMI deverá também facilitar o acesso a novos mecanismos de financiamento e contribuir para a execução de projectos estruturantes, nomeadamente em infraestruturas, energia e desenvolvimento rural. Estes sectores são considerados fundamentais para impulsionar o crescimento inclusivo.
Num contexto global de incertezas económicas, Moçambique aposta em reformas internas como estratégia de resiliência e credibilidade. O Governo pretende usar esta nova fase de cooperação para consolidar a estabilidade, reforçar a confiança dos investidores e projectar uma imagem de responsabilidade fiscal e boa governação.
Com o apoio técnico e o acompanhamento do FMI, o Executivo moçambicano espera abrir um novo capítulo de crescimento sustentado, baseado em políticas económicas consistentes, transparência e compromisso com o desenvolvimento equilibrado e inclusivo do país.








