O Professor Doutor Gil Aníbal defendeu, hoje (31), durante a Primeira Conferência Internacional sobre Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Económico em África, organizada pelo Instituto Superior Mutasa (ISMU), que o principal entrave ao desenvolvimento de Moçambique é a má governação e a gestão ineficiente dos recursos naturais.
“Moçambique é um país rico, mas continua pobre porque governa mal os seus recursos. O maior culpado somos nós próprios, os moçambicanos”, afirmou.
O académico apontou fragilidades estruturais no sector extrativo, marcado por múltiplas tutelas, conflitos de interesse e baixa transparência. Criticou ainda o modelo do Fundo Soberano, que classificou como uma “mera conta bancária”, sem autonomia nem capacidade de gerar investimentos sustentáveis, ao contrário do modelo norueguês.

Segundo dados recentes, o sector extrativo moçambicano exportou em 2024 cerca de 140,9 mil milhões de meticais (2,2 mil milhões de dólares), dominado pelo gás natural e pela eletricidade. Contudo, apenas 10% das receitas chegam às comunidades produtoras, enquanto o país concedeu 173 mil milhões de meticais em incentivos fiscais, arrecadando apenas 100 mil milhões.
Para Gil Aníbal, a falta de transparência, a dependência de multinacionais e a ausência de responsabilização política explicam por que o país, apesar da abundância de recursos, ainda enfrenta dificuldades para pagar salários no sector público e garantir serviços básicos.
“Sem aliança entre o governo, a academia e as comunidades, o Estado será sempre engolido pelas empresas”, concluiu.
 
	    	 
					
 
                                





