A Embaixada da Noruega e o Fundo das Nações Unidas para a Infância rubricaram nesta quarta-feira, em Maputo, uma nova etapa de cooperação avaliada em 30 milhões de coroas norueguesas, o equivalente a cerca de 2,9 milhões de dólares, destinada a reforçar a protecção de crianças, adolescentes e jovens vulneráveis em Cabo Delgado e Nampula.
O apoio vai ser alocado nos distritos afectados pela violência armada e deslocamentos forçados de pessoas, sobretudo onde persistem riscos elevados para menores.
O embaixador da Noruega, Egil Thorsás, afirmou que a adenda não se limita a um reforço financeiro, constituindo também uma demonstração de compromisso político com o futuro das comunidades mais afectadas pelo extremismo violento.
Para o diplomata, o investimento na juventude representa um alicerce para a construção de estabilidade e prosperidade duradouras no país.
Ao sublinhar o contexto de insegurança que afecta milhares de jovens, Thorsás destacou que muitos enfrentam diariamente ameaças de violência, recrutamento forçado e perda de meios de subsistência. Ainda assim, afirmou que a capacidade de resiliência demonstrada nas comunidades constitui uma base sólida para impulsionar trajectórias de desenvolvimento e coesão social.
O diplomata frisou que a protecção da infância e juventude em zonas de conflito exige acções urgentes e articuladas que permitam reduzir vulnerabilidades e traçar caminhos para oportunidades reais. Sublinhou que cabe ao Governo moçambicano liderar as respostas, enquanto parceiros internacionais, como a Noruega, complementam e fortalecem os esforços existentes.
Com o novo financiamento, estima-se que cerca de 10 mil adolescentes e jovens venham a beneficiar directamente das actividades programáticas, incluindo crianças anteriormente associadas a grupos armados. Pelo menos metade do grupo-alvo será constituída por raparigas e jovens mulheres, consideradas entre as mais expostas a riscos de exploração e violência em contextos de instabilidade.
A representante do UNICEF em Moçambique, Mary Louise Eagleton, salientou os resultados obtidos na fase inicial da parceria, que abrangeu directamente mais de 48 mil crianças e 42 mil adultos, através de iniciativas de educação, protecção e serviços sociais. Referiu que o trabalho conjunto permitiu igualmente reintegrar 131 crianças previamente ligadas a grupos armados e oferecer apoio psicossocial a mais de 12 mil menores.
Eagleton acrescentou que os esforços desenvolvidos garantiram ainda o registo de nascimento de mais de cinco mil crianças, assegurando direitos fundamentais num período em que muitos perderam documentação devido aos deslocamentos. Para a responsável, a continuidade da parceria reafirma a determinação de criar condições para que cada criança e jovem possa desenvolver plenamente o seu potencial, apesar das adversidades.
A segunda fase do programa terá início em Janeiro de 2026 e estender-se-á por 18 meses. As actividades serão implementadas nos distritos de Ancuabe, em Cabo Delgado, e Memba e Eráti, na província de Nampula, zonas identificadas como críticas devido ao aumento da vulnerabilidade infantil e juvenil.
Segundo Martina Zavagli, especialista de educação do UNICEF, a selecção destes distritos foi orientada pela necessidade urgente de ampliar oportunidades para jovens e responder ao agravamento das condições locais. Explicou que Memba e Ancuabe apresentam desafios significativos relacionados à falta de perspectivas, enquanto Eráti foi incluído devido ao aumento de factores de risco observados recentemente.







