A Comunidade Mahometana de Moçambique disse na última Quarta-feira, que mais de 100 famílias abandonaram o país devido à onda de raptos nos últimos 13 anos, avançando que as vítimas que permaneceram no país sofrem ameaças e não confiam nas autoridades moçambicanas.
Salim Omar, presidente da Comunidade Mahomentana de Moçambique, declarou em conferência de imprensa, que por causa do não esclarecimento e impunidade que se tem verificado quando acontecem os raptos, não lhes sobra mais nada além de abandonar o país e, os poucos que ainda permanecem vivem na total insegurança.
Segundo Salim Omar referiu, as famílias das vítimas que escolheram permanecer no país não confiam na polícia e têm sofrido ameaças quando tentam colaborar com as autoridades, acrescentando que os raptores têm informações internas e privilegiadas sobre os processos de investigações.
“Os familiares das vítimas dizem que quando são solicitados pela polícia ou pela procuradoria recebem chamadas telefónicas de pessoas a dizerem que é preciso que tenham cuidado, se não vão morrer. As vítimas desconfiam da polícia”, afirmou o líder religioso.
Salim Omar criticou igualmente a falta de resultados, bem como a não criação da brigada anti-raptos há anos prometidas pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em 2021.
A comunidade pede um “diálogo franco” com o Governo, mostrando-se aberta á criação de um grupo de apoio às investigações para travar este mal. “Estamos a exigir do Estado um diálogo construtivo e aberto. As investigações têm de ter resultados e desfecho. Há 13 anos que as investigações não têm desfecho. Estamos cansados. Estamos a chegar ao esgotamento e, cada dia que passa, as pessoas se estão a ir embora”, concluiu.
De referir que onda de raptos em Moçambique tem como alvo principalmente empresários de origem asiática e seus familiares, por sinal grupo que detém grande parte do comércio nos centros urbanos das capitais provinciais do país.