As grandes empresas multinacionais têm um papel fundamental no desenvolvimento do desporto moçambicano. Esta é a conclusão do seminário ocorrido esta segunda-feira, que abordou a gestão e sustentabilidade dos clubes, associações e federações desportivas nacionais. As multinacionais que operam em Moçambique têm a responsabilidade de apoiar no desenvolvimento do desporto moçambicano através dos patrocínios e apoios aos clubes, associações e federações. Assim disseram os intervenientes do seminário organizado pelo Instituto Médio do Desporto e Educação Física de Moçambique, IMEDE, que contou com a participação de desportistas, dirigentes e alunos da instituição.
Alexandre Mestre, antigo Secretário de Estado do Desporto e Juventude de Portugal, foi o orador principal, e porque foi repatriado de regresso a Lisboa no sábado, por falta de visto, acabou usando as plataformas digitais para deixar a sua experiência em relação ao assunto.
Falou da necessidade de se convencer as empresas a financiarem o desporto e só com isso se pode ter financiamento. “Há uma responsabilidade social das próprias empresas, mas também há um trabalho a se fazer, que é de convencer as empresas a apostarem pelo mecenato do desporto, se tiverem que optar por outros mecenatos, como cultural, científico, educativo e outros”, disse o mestre.
Aliás, de acordo com o orador, “é preciso mostrar que o desporto pode trazer um retorno mais rápido e sustentável para essas mesmas empresas”. Por isso, “quanto mais convencer quem pode decidir o orçamento, maior será, certamente, esse orçamento ao desporto. E se o orçamento foi maior, será mais vantagem para o movimento associativo desportivo”, sentenciou.
O mestre diz que os governos, quer centrais bem como descentralizados, possuem, também, o seu papel. “Parte da promoção do desporto, por via do associativismo (clubes, associações e federações) carece dessa colaboração entre o Estado e esse movimento associativo e a sociedade civil”, disse.
Para o orador do seminário, é preciso que haja premiação às federações que trazem resultados positivos ao país. “É fundamental que quando se financiam as federações desportivas se definam bem os critérios para esse mesmo financiamento, isto é, premiar o mérito, acima de tudo, ou seja, aqueles que trazem melhores resultados desportivos”, concluiu.
Por seu turno, Carlos Gilberto Mendes, Secretário de Estado do Desporto, concorda que as multinacionais devem dar contributo ao desporto moçambicano. “Acho que todas empresas precisam vender os seus serviços, precisam de se colocarem no mercado por outras razões que não sejam apenas o seu foco, em termos de negócios”, disse Mendes realçando o facto de “se expõem através do apoio ao desporto e à cultura”.
Gilberto Mendes diz que a maior parte das multinacionais que operam no país tem uma forte intervenção ao nível do desporto e da cultura.
Já o Secretário Permanente da Secretaria de Estado do Desporto, Júlio Mendes, diz que é preciso que as federações se reinventem para conseguirem a sua auto sustentabilidade. “Se continuarmos a pensar que o Estado, o Governo, vai resolver todos os problemas de falta de financiamento do movimento desportivo, vamos continuar a ter esses debates sem parar. É preciso que as federações e os clubes continuem a procurar caminhos de auto-sustentabilidade”, disse.
Por seu turno, o director geral do IMEDE, Paulo Saveca, diz que as multinacionais que operam em Moçambique são fundamentais no apoio ao sistema desportivo nacional “ao termos algumas empresas estrangeiras com uma cota para aquilo que é o apoio para o nosso desporto, e também empresas comparticipadas pelo Estado com alguma cota a apoiar o nosso desporto”, argumentou Saveca.
O Café do Desporto foi uma oportunidade para celebrar os sete anos do Instituto Médio do Desporto e Educação Física de Moçambique, que já formou professores de educação física e agentes desportivos em Maputo, Beira e Nampula.