Um novo relatório da UNICEF divulgado em maio de 2025 revela que aproximadamente 77% das crianças em Moçambique vivem na pobreza, um indicador alarmante que coloca em risco o desenvolvimento de uma geração inteira. O documento, que apresenta uma análise detalhada da situação socioeconômica infantil no país, destaca que a pobreza infantil está profundamente enraizada em fatores estruturais, especialmente nas zonas rurais.
De acordo com o relatório, intitulado “Infância em Moçambique: Desafios e Perspectivas para 2025”, “a persistente pobreza afeta diretamente o acesso das crianças a direitos básicos como educação, saúde, alimentação e proteção social”. O documento alerta que essa realidade não só compromete o presente, mas pode limitar significativamente o futuro dessas crianças.
O texto do relatório expõe que, “nas áreas rurais, onde cerca de 70% da população moçambicana reside, as crianças enfrentam desafios adicionais ligados à escassez de infraestruturas, baixa cobertura de serviços públicos e altos índices de desnutrição”. Ainda segundo a UNICEF, “a disparidade entre zonas urbanas e rurais continua a ser um dos principais obstáculos para a redução da pobreza infantil”.
Especialistas ouvidos pela reportagem reforçam o impacto desses números. A professora Ana Silva, especialista em direitos da criança, comenta:
“Quando 77% das crianças vivem na pobreza, não estamos falando apenas de números, mas de vidas que enfrentam diariamente a insegurança alimentar, a falta de acesso à educação de qualidade e a vulnerabilidades que comprometem seu desenvolvimento integral.”
A UNICEF recomenda um conjunto de ações urgentes para reverter esse quadro:
“É fundamental que o governo e os parceiros aumentem os investimentos em programas sociais direcionados às famílias mais vulneráveis, ampliem o acesso aos serviços de saúde e educação e fortaleçam as redes de proteção comunitária.”
O relatório também destaca que “a pandemia da COVID-19 agravou ainda mais as condições de vida das crianças, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais resilientes e inclusivas.”
Moçambique, apesar dos avanços em áreas como infraestrutura e acesso à educação nos últimos anos, ainda enfrenta grandes desafios para promover o desenvolvimento social sustentável e equitativo. Como destaca o relatório, “sem um esforço coordenado e compromisso político, as crianças continuarão a ser as mais prejudicadas por essas desigualdades históricas.”