A Associação Moçambicana de Bancos (AMB) anunciou uma nova descida da Prime Rate do sistema financeiro nacional, fixando-a em 17,40% para o mês de Julho de 2025. Esta taxa representa uma redução face ao valor anterior e traz consigo a expectativa de melhores condições para o acesso ao crédito bancário, tanto para particulares como para empresas.
A Prime Rate é composta por dois elementos principais: o Indexante Único, definido pelo Banco de Moçambique (BM), e o Prémio de Custo, calculado pela própria AMB. Para Julho, o Indexante foi fixado em 11,20%, refletindo o comportamento das taxas no mercado monetário interbancário. Já o Prémio de Custo, que cobre os riscos não refletidos no mercado, mantém-se nos 6,20%.
Segundo o comunicado oficial, a descida está ligada a um abrandamento das pressões inflacionistas e à melhoria das condições macroeconómicas, factores que permitiram ao Banco Central manter a taxa MIMO, principal referência da política monetária , em 11,00%.
A redução da Prime Rate terá impacto direto sobre as operações de crédito de taxa variável, incluindo financiamentos habitacionais, de consumo e empresariais. Os bancos aplicarão, sobre esta taxa base, spreads diferenciados consoante o perfil de risco do cliente e o tipo de produto. Na prática, consumidores com bom histórico financeiro poderão beneficiar de financiamentos a custos mais baixos.
“Esta redução é um sinal positivo para os mutuários e representa um passo importante para estimular a retoma da actividade económica”, afirmou Carlos Chivangue, analista bancário. “Embora o nível da taxa continue elevado, trata-se de um movimento em direção à estabilidade e à confiança no sistema financeiro.”
Apesar da redução da Prime Rate no sistema tradicional, as instituições de microfinanças continuam a aplicar spreads bastante elevados. Por exemplo, no crédito ao consumo, os spreads chegam a ultrapassar os 60% em algumas entidades, como a MyBucks. Estes valores refletem o maior risco associado aos segmentos não tradicionais e a natureza do microcrédito.
Desde a adoção do Indexante Único, o sistema bancário moçambicano tem procurado melhorar a transparência na definição das taxas de juro, permitindo que clientes comparem melhor as ofertas das instituições de crédito. A AMB reforça que os spreads divulgados são indicativos e sujeitos à análise de risco individual de cada cliente.
A redução da Prime Rate para 17,40% é um sinal encorajador para a economia moçambicana. Resta saber se este alívio nos custos do crédito será suficiente para impulsionar o investimento privado e o consumo num contexto ainda marcado por desafios fiscais e internacionais. Para já, consumidores e empresas devem estar atentos às oportunidades e negociar condições mais favoráveis junto das instituições bancárias.