Parque nacional de Chimanimani avança com centro de reabilitação de pangolins
O Parque Nacional de Chimanimani, no centro de Moçambique, vai acolher o primeiro centro de reabilitação de pangolins do país, numa iniciativa que visa travar o tráfico ilegal e proteger uma das espécies mais ameaçadas do mundo.
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) visitou recentemente o parque para acompanhar o progresso do projecto de Resgate, Reabilitação e Soltura do Pangolim.
A visita decorreu em Junho e insere-se num esforço contínuo de conservação da espécie Smutsia temminckii, o pangolim africano, cuja vulnerabilidade e perseguição por traficantes tornaram-no símbolo da luta contra o comércio ilegal de fauna em África.
Através deste projecto, o Parque Nacional de Chimanimani assume um papel pioneiro na criação de uma estrutura especializada de resgate e reabilitação de pangolins, dando nova esperança à preservação da espécie em território nacional.
O centro de reabilitação está a ser construído a partir da adaptação de um contentor especialmente equipado, capaz de oferecer as condições necessárias para o tratamento clínico e recuperação gradual dos animais resgatados.
A infra-estrutura incluirá uma sala de primeiros socorros, uma zona de quarentena e um espaço exterior controlado, onde os pangolins poderão readaptar-se de forma segura antes da sua reintrodução na natureza.
Desde 2021, mais de uma dezena de pangolins foram resgatados na área do Parque Nacional de Chimanimani, muitos deles em situação crítica, após terem sido apreendidos de redes de tráfico que operam em zonas transfronteiriças.
Para além do resgate físico, o parque tem reforçado as ações de sensibilização e educação ambiental junto das comunidades locais, reconhecendo o papel fundamental das populações na deteção de crimes ambientais e na valorização das espécies nativas.
A equipa técnica do parque, composta por fiscais e profissionais capacitados com apoio de especialistas da África do Sul e da Namíbia, tem apostado na formação contínua para o manuseio ético e eficaz dos pangolins, espécie que requer cuidados muito específicos.
Paralelamente, iniciativas comunitárias têm sido desenvolvidas para desencorajar práticas de caça e tráfico, ao mesmo tempo que se fomenta uma nova visão sobre os benefícios da conservação para o desenvolvimento sustentável local.
Num próximo estágio, será implementado um programa de monitoria pós-soltura, com recurso a tecnologias de rastreamento como GPS e VHF. Este sistema permitirá seguir os movimentos dos pangolins libertados, compreender os seus padrões de deslocação e identificar áreas críticas para alimentação, abrigo e reprodução. As informações obtidas serão valiosas para o mapeamento de corredores ecológicos e para o planeamento de estratégias futuras de proteção da espécie, integrando o conhecimento científico com as realidades locais do ecossistema de Chimanimani.
A criação do centro de reabilitação de pangolins não só reforça a capacidade do Parque Nacional de Chimanimani em responder a ameaças à biodiversidade, como também eleva Moçambique a um novo patamar na luta contra o tráfico de espécies selvagens.
Ao combinar infraestruturas modernas, capacitação técnica e envolvimento comunitário, o projeto demonstra que é possível construir soluções sustentáveis de conservação que respeitam o equilíbrio entre o ser humano e a natureza. A médio e longo prazo, espera-se que esta experiência sirva de modelo para outras áreas protegidas no país.







