Taxa global de mortalidade infantil caiu 60%
O Governo de Moçambique acolhe, de 22 a 24 de julho de 2025, na cidade de Maputo, o Fórum Global sobre Inovação e Ação para a Imunização e Sobrevivência Infantil, um dos mais importantes encontros mundiais na área da saúde infantil. O evento é coorganizado pelos Ministérios da Saúde de Moçambique e da Serra Leoa, em parceria com o Governo de Espanha, a Fundação Gates, a Fundação La Caixa e a UNICEF.
Durante a conferência de imprensa de antevisão ao evento, o Diretor-Geral do Instituto Nacional de Saúde, Dr. Eduardo Samo Gudo, afirmou que “este é o principal fórum global que discute a imunização e a sobrevivência infantil. Nunca antes uma criança teve tantas chances de sobreviver até os cinco anos de idade quanto hoje”.
Segundo o Dr. Samo Gudo, entre 1990 e 2023, o número de mortes em crianças menores de cinco anos foi reduzido de 12,8 milhões para 4,8 milhões, o que representa uma redução de cerca de 60%. “Evitaram-se cerca de 160 milhões de mortes nesse período, um feito histórico e sem precedentes”, destacou.
Apesar dos avanços, o responsável lembrou que quase 5 milhões de crianças ainda morrem por ano, a maioria por causas evitáveis como malária, diarreia, pneumonia e sepsis. “O mundo precisa de acelerar os seus esforços para cumprir a meta 3.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: reduzir a taxa de mortalidade infantil para 25 mortes por 1.000 nascimentos até 2030”, afirmou.
Actualmente, a taxa global encontra-se em 37 mortes por 1.000 nados vivos, e em África este número chega a 67. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 60 países, a maioria no continente africano, não irão atingir essa meta se não houver intervenções urgentes.
“Este fórum ocorre num momento crítico. Pretendemos discutir estratégias, partilhar inovações e assumir novos compromissos políticos para colocar o mundo de volta na rota da redução da mortalidade infantil”, reforçou o Dr. Samo Gudo.
Durante a conferência, representantes de diversas organizações internacionais também enfatizaram a importância do encontro. Em nome do governo da Serra Leoa, a Presidente do Comitê Directivo do Fórum, Dra. Theo Sowa, considerou que “Serra Leoa está pronta para liderar, agir e cumprir a promessa a cada criança: sobreviver, crescer e desenvolver todo o seu potencial”.
Ariadna Bardolet, Diretora de Programas Internacionais, reiterou o compromisso do seu país em manter uma cobertura vacinal acima de 90%, integrar a imunização com nutrição e saneamento, reforçar cadeias de abastecimento e sistemas de referência, e mobilizar recursos internos para sustentar os programas de saúde infantil.
Já o representante regional da UNICEF, Dr. Paul Ngwakum, destacou os desafios operacionais enfrentados pelos países africanos, mesmo dispondo de ferramentas eficazes: “Temos sistemas de saúde ainda frágeis, e muitas crianças vivem em áreas de difícil acesso. Precisamos trabalhar juntos, governos, parceiros e comunidades, para levar os serviços de saúde a todas as crianças”
O fórum conta com a participação de cerca de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros da saúde, cientistas, representantes da sociedade civil e financiadores internacionais. Pela primeira vez realizado em África, o encontro representa um marco para a liderança africana na agenda global de sobrevivência infantil.