Há seis dias sem acesso à lixeira de Hulene, dezenas de catadores enfrentam fome e incerteza sobre o futuro.
O bloqueio foi imposto após actos de vandalismo atribuídos a Venâncio Marrengula e ao seu grupo, que incendiaram equipamentos do Conselho Municipal, causando prejuízos estimados em 23 milhões de meticais.
A interdição paralisou por completo a actividade de reciclagem que sustenta as famílias. “Vivemos do lixo, não do crime”, desabafam os catadores, pedindo uma solução urgente para que possam regressar ao trabalho.
Desde as manifestações pós-eleitorais, Marrengula teria assumido controlo informal da lixeira, promovendo cobranças ilícitas, assaltos e agressões. A situação culminou na destruição de bens municipais, levando as autoridades a intensificar as buscas pelo suspeito, que permanece em fuga.
Para quem depende diariamente da recolha e separação de resíduos, cada dia parado significa menos comida na mesa. “A tranquilidade voltou à zona, mas a fome já bate à porta”, alertam trabalhadores, que afirmam ter sido injustamente impedidos de exercer a actividade.
Os catadores acusam Marrengula de manchar a reputação de quem vive honestamente da lixeira, associando o local a crimes e tráfico de drogas. Reforçam que a sua luta é por sustento e dignidade, não por confrontos com a lei.
Apesar de o clima na área estar mais calmo, o bloqueio mantém-se. A reabertura da lixeira depende da captura de Marrengula e da garantia de segurança, segundo fontes ligadas ao município.
Enquanto isso, cresce o apelo para que as autoridades encontrem uma solução que puna os culpados sem penalizar toda uma comunidade que, afirmam, “quer apenas trabalhar em paz”.