A detenção de 17 cidadãos malauianos no distrito de Chimbonila, província de Niassa, expôs, mais uma vez, a vulnerabilidade das fronteiras nacionais e os desafios na gestão sustentável dos recursos naturais.
Os estrangeiros, segundo as autoridades, são suspeitos de envolvimento na exploração ilegal de madeira e ouro, atividades que têm ganho terreno na região.
O Serviço Nacional de Migração (SENAMI) em Niassa confirmou nesta segunda-feira que a operação foi desencadeada após uma denúncia comunitária, o que demonstra a importância da colaboração local na contenção de práticas ilícitas. “Dos 36 indivíduos inicialmente identificados, apenas 17 eram estrangeiros, todos em situação ilegal. Temos 16 homens e uma mulher sob custódia”, explicou Fernando Armando, diretor provincial da instituição.
As investigações preliminares apontam que, além da extração ilegal de recursos minerais e florestais, os detidos cultivavam a terra sem qualquer autorização. Este tipo de atuação, alerta o SENAMI, compromete a preservação ambiental, fragiliza as economias locais e coloca em causa a soberania do país.
Analista ambientai filipe Júnior sublinha que a exploração não licenciada de madeira e ouro provoca danos irreversíveis à biodiversidade, fomenta práticas agrícolas desordenadas e retira receitas fiscais cruciais para o desenvolvimento. “Este é um problema que não é apenas económico, é também ambiental e de segurança nacional”, alerta um especialista ouvido pelo nosso jornal através de uma entrevista feita por chamada telefónica.
Com uma fronteira extensa e de difícil monitoria, Niassa continua a ser uma porta aberta para redes transfronteiriças que atuam no tráfico e exploração ilegal. Esta realidade exige maior investimento em vigilância, uso de tecnologia e reforço da cooperação com países vizinhos para desmantelar esquemas organizados.
As autoridades prometeram intensificar operações conjuntas entre Migração, Polícia e fiscalização florestal, com o objetivo de conter a proliferação destas atividades. “É fundamental garantir que os recursos do país beneficiem os moçambicanos e não grupos que entram e operam à margem da lei”, defendeu Armando.
Os detidos aguardam agora os trâmites para repatriamento, enquanto prosseguem as investigações para apurar eventuais ramificações da rede. O caso reacende o debate sobre como equilibrar desenvolvimento, conservação e segurança num dos territórios mais ricos em recursos, mas também mais vulneráveis do país.







