O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) anunciou a convocação de uma greve nacional que terá início na próxima segunda-feira, 8 de setembro.
A paralisação, que se prolongará por cinco dias, surge como reação às condições de trabalho consideradas precárias e ao incumprimento de acordos salariais firmados pelo Estado.
A decisão foi tomada durante uma reunião entre a direção do sindicato e representantes dos trabalhadores de vários órgãos públicos de comunicação social. Por unanimidade, os profissionais aprovaram a paralisação, depois de meses de negociações sem resultados concretos.
De acordo com informações disponíveis, o porta-voz do SJA, André Mussamo, explicou que os conselhos de administração das empresas públicas de comunicação social não cumpriram o compromisso assumido em maio, que previa um aumento salarial de 58%. “Chegámos a um ponto de saturação. Não podemos continuar a trabalhar nestas condições”, afirmou.
O sindicalista detalhou ainda que a greve terá caráter progressivo. A primeira fase será de cinco dias, mas, caso não haja respostas satisfatórias, a paralisação poderá estender-se para dez e até quinze dias. Uma nova assembleia está prevista para janeiro, para avaliar os próximos passos.
Segundo Mussamo, as condições de trabalho dos jornalistas em Angola são “paupérrimas”. Os salários estão entre os mais baixos do país, e muitas redações enfrentam dificuldades logísticas graves. “Há situações em que os repórteres dependem da própria fonte da notícia para transporte, alojamento e alimentação”, revelou.
A paralisação abrangerá tanto a imprensa pública quanto os meios privados sob gestão estatal, o que poderá afetar significativamente a programação de rádio, televisão e imprensa escrita em todo o país.
O sindicato defende que a greve é um último recurso para garantir condições dignas de trabalho. “Somos os parentes pobres desta relação. Não temos meios básicos para exercer a nossa profissão com segurança e qualidade”, destacou Mussamo, ressaltando o papel crucial da imprensa na sociedade.
O SJA sublinha ainda que a valorização dos jornalistas é essencial para assegurar um serviço público de qualidade e para reforçar a função democrática dos meios de comunicação. Segundo o sindicato, o Estado tem negligenciado o setor e mantido uma postura de desvalorização.
Até o momento, o governo angolano não se pronunciou oficialmente sobre a greve. Fontes ligadas às administrações dos órgãos públicos afirmam apenas que “o diálogo continua aberto”, sem avanços concretos.
Com a paralisação marcada para 8 de setembro, cresce a expectativa sobre a adesão dos profissionais e sobre o impacto da greve na cobertura informativa, num momento em que Angola enfrenta desafios políticos e sociais significativos.







