A modernização do corredor ferroviário Maputo–Ressano Garcia vai muito além de uma obra de infraestrutura. Para especialistas e autoridades, o investimento firmado entre Moçambique, a França e a União Europeia representa um passo estratégico para fortalecer a posição do país como elo central da integração económica da África Austral.
O acordo, avaliado em USD 133 milhões da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e EUR 30 milhões da União Europeia, não é apenas sobre linhas férreas e sinalização, mas sobre como Moçambique pode transformar o seu papel na logística regional.
Com a duplicação da capacidade de transporte, que passará de 14,9 milhões para 44,6 milhões de toneladas por ano, estima-se que o impacto positivo será sentido diretamente pelos países vizinhos, como África do Sul, Essuatíni e Zimbábue, que utilizam o Porto de Maputo para escoar mercadorias.
Na prática, o projeto vai contribuir para reduzir custos de transporte, acelerar a mobilidade de bens e criar condições mais favoráveis para o comércio transfronteiriço. O corredor ferroviário torna-se, assim, um ativo partilhado entre vários países da região.
A população local também deverá beneficiar. O alívio do tráfego rodoviário pesado, hoje concentrado em estradas saturadas, pode trazer maior segurança para comunidades próximas às vias de transporte, reduzindo acidentes e desgaste das infraestruturas viárias.
Outro ganho apontado pelos técnicos é ambiental. Estima-se que a modernização permitirá reduzir em 30 mil toneladas anuais as emissões de CO₂, resultado da transferência de parte significativa da carga hoje transportada por camiões para o sistema ferroviário.
A introdução de um sistema de sinalização moderno é vista como fundamental para a segurança dos comboios, mas também como fator de confiança para operadores logísticos e investidores privados, que passam a ter maior previsibilidade nos prazos de entrega.
Representantes do governo moçambicano sublinharam que o projeto deve ser entendido como parte de uma estratégia de longo prazo, que procura reposicionar o país nas cadeias globais de valor, indo além da simples exportação de matérias-primas.
Para a União Europeia, o corredor Maputo–Ressano Garcia é um exemplo de como a cooperação internacional pode alavancar a sustentabilidade. “Este não é apenas um investimento económico, mas também ambiental e social”, frisaram os representantes europeus.
Já a França destacou o simbolismo da obra, recordando que infraestruturas modernas são fundamentais para garantir competitividade e atrair investimentos que gerem empregos de qualidade em Moçambique.
Especialistas nacionais alertam, no entanto, que a modernização só cumprirá os seus objetivos se for acompanhada de políticas claras de gestão e manutenção. A experiência mostra que grandes investimentos em infraestrutura podem perder impacto quando não existe planeamento a longo prazo.
Há também o desafio de capacitar a mão-de-obra local. A operação de novos sistemas tecnológicos exigirá técnicos qualificados, o que abre espaço para programas de formação e transferência de conhecimento, beneficiando jovens moçambicanos.
Economistas defendem que, ao melhorar a sua infraestrutura ferroviária, Moçambique fortalece a sua posição como destino atrativo para indústrias exportadoras e para projetos de integração produtiva regional.
Mais do que um projeto de engenharia, a modernização do corredor ferroviário Maputo–Ressano Garcia é apresentada como um investimento no futuro: um futuro em que Moçambique se consolida como hub logístico regional, garante maior segurança às suas populações e contribui para os esforços globais de sustentabilidade.
 
	    	 
					
 
                                






