A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) começa a reconquistar a confiança de clientes e parceiros comerciais depois de um período prolongado de incerteza. A empresa apresentou resultados financeiros que demonstram não apenas recuperação de receitas, mas também sinais claros de maior estabilidade operacional.
Entre Maio e Agosto, a companhia aérea nacional superou a barreira dos 40 milhões de dólares em vendas, contra os cerca de 9 milhões mensais que vinha registando até ao início do ano. O aumento traduz uma reaproximação do mercado e sugere que os passageiros voltam a acreditar no serviço da transportadora.
Os analistas do sector apontam que a recuperação da imagem da companhia é tão importante quanto os números. A LAM havia perdido credibilidade devido a atrasos e cancelamentos constantes, gerando um clima de desconfiança que favoreceu concorrentes regionais. Hoje, a estabilidade da malha de voos começa a inverter essa tendência.
Os accionistas também percebem este momento como uma fase de viragem. Para alguns deles, a resposta positiva do mercado é prova de que as medidas internas de reestruturação começam a surtir efeito. “A confiança é o maior capital de uma companhia aérea. Recuperá-la significa muito mais do que aumentar receitas”, sublinhou um investidor.
A LAM tem apostado em estratégias de aproximação ao cliente, incluindo maior transparência na comunicação e reforço do atendimento. Pequenos gestos, como maior clareza no tratamento de cancelamentos e alterações, têm sido determinantes para a mudança da percepção pública.
Além disso, a consistência dos voos domésticos tem sido decisiva. Passageiros que dependem das ligações aéreas entre Maputo, Nampula, Beira e Pemba já relatam maior previsibilidade nos horários, o que devolve confiança a empresários e famílias que antes receavam imprevistos.
Embora o ambiente continue desafiante, os sinais de recuperação da reputação já se refletem em reservas antecipadas. Isso indica que os clientes voltam a programar viagens com a LAM sem receio de frustrações. Para o sector turístico, essa mudança representa um alívio, já que muitos operadores dependem da pontualidade aérea para garantir pacotes de viagem.
Especialistas alertam, no entanto, que a companhia precisa consolidar essa confiança com passos firmes. A melhoria da frota e a manutenção do rigor financeiro são apontadas como condições indispensáveis para que a imagem recuperada não volte a ser posta em causa.
Do lado do Governo, o discurso é de prudência. Fontes do Ministério dos Transportes sublinham que “o caminho ainda é longo” e que o objectivo final é tornar a empresa autossustentável, sem necessidade de recorrentes apoios do Estado.
A relação da LAM com o mercado, que parecia perdida, volta agora a ser um dos activos mais importantes da companhia. Clientes satisfeitos e investidores mais confiantes criam o ambiente propício para pensar em novos voos e expandir horizontes.
Se mantiver a disciplina e o foco, a LAM poderá transformar os números positivos de hoje em bases sólidas para um futuro mais competitivo e confiável. O que está em jogo, dizem os analistas, é a construção de uma reputação duradoura que devolva orgulho ao sector aéreo nacional.