A província de Nampula volta a ser palco de promessas sobre a melhoria da sua rede viária. Durante uma visita recente, o ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, anunciou na quinta-feira(18) de Setembro, a reabilitação e construção de estradas nos troços Chalaua–Nametil (R683, com 48 km), Mecane–Chalaua (R680, com 63 km) e Mecane–Moma (N324, com 16 km). Contudo, a população questiona a morosidade na implementação das obras.
As vias em referência são consideradas vitais para o transporte de pessoas e mercadorias, mas o seu estado atual continua a dificultar a circulação. Agricultores que dependem dessas estradas para escoar a produção queixam-se de perdas constantes, enquanto transportadores alertam para o aumento dos custos devido ao desgaste rápido das viaturas.
Durante a visita, Matlombe parou em alguns pontos críticos para avaliar as condições. A promessa de intervenção foi novamente reiterada, mas os moradores locais recordam que já ouviram compromissos semelhantes no passado, sem resultados concretos. “Sempre nos dizem que a estrada será reabilitada, mas as chuvas chegam primeiro”, lamentou um residente de Chalaua.
O ministro reconheceu que os trabalhos ainda não arrancaram devido a constrangimentos financeiros e a episódios de vandalismo contra o equipamento do empreiteiro. No entanto, para a população, estas justificações não aliviam o sofrimento diário. “O que nós precisamos é de estrada. As razões de atraso não enchem panela”, criticou uma comerciante de Nametil.
Matlombe garantiu que há empreiteiros mobilizados para intervir em caso de corte de estradas durante a época chuvosa. Mas essa solução de emergência é vista como paliativa e insuficiente. Para os transportadores, o que se exige é uma reabilitação estrutural que traga estabilidade e não apenas remendos de ocasião.
Outro ponto crítico levantado pelo ministro foi a insegurança que levou à paralisação das obras. “Estamos a trabalhar para repor a tranquilidade necessária”, disse Matlombe. Ainda assim, parte da população entende que a responsabilidade maior é do Governo, que deve garantir condições para que as empreitadas avancem sem interrupções.
No distrito de Larde, a visita incidiu sobre o projecto da ponte que vai ligar o posto administrativo de Topuito. O governante apelou à celeridade dos trâmites administrativos, mas a desconfiança persiste entre os residentes, que temem que a ponte acabe apenas nos planos.
Matlombe apontou a mineradora Kenmare como potencial parceira para viabilizar a ponte. Embora a possibilidade traga esperança, alguns líderes comunitários consideram que a dependência de empresas privadas expõe a fragilidade da capacidade do Estado em assumir integralmente os seus compromissos.
Enquanto as promessas se renovam, a realidade é dura: populações isoladas, crianças a faltar à escola em dias de chuva, doentes sem acesso rápido a hospitais e agricultores incapazes de levar os seus produtos ao mercado.
Analistas locais lembram que a província de Nampula é estratégica para a economia nacional, e a precariedade das suas vias contrasta com o potencial produtivo da região. “Estamos a perder riqueza por falta de estradas transitáveis”, assinala um académico da Universidade Lúrio.
As visitas ministeriais geram expectativa, mas também exaustão. “Vêm, prometem e vão-se embora. Ficamos sempre com as mesmas dificuldades”, desabafou um motorista de transporte semi-coletivo em Mecane.
A paciência da população parece estar a esgotar-se. Para muitos, a questão já não é saber se haverá obras, mas quando estas sairão do papel. Até lá, a poeira e a lama continuarão a marcar o quotidiano de milhares de famílias em Nampula.