O ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Mito Albino, desafiou esta quinta-feira, 18 de Setembro, a nova gestão do extinto Regadio do Baixo Limpopo (RBL) a expandir a área de cultivo em Chókwè, passando dos actuais 3.000 para 10.000 hectares já na próxima campanha agrícola.
A orientação surge no âmbito da visita que o governante efectua à província de Gaza, dedicada à preparação da Campanha Agrária 2025/2026. O objectivo central é optimizar o uso dos activos de produção existentes, de forma a garantir maior impacto na meta nacional de produzir mais alimentos para “Alimentar Moçambique”.
“É inaceitável que activos públicos continuem a ser sub-aproveitados. Nenhum indivíduo deve ter DUAT dentro de infraestruturas públicas”, frisou Albino, referindo-se ao conjunto de investimentos do Estado que inclui regadios, complexos agro-industriais, casas agrárias, unidades de processamento de hortícolas, centros de pesquisa e maquinaria agrícola.
Segundo o ministro, trata-se de infraestruturas que custaram avultados recursos públicos, mas que permanecem sem a devida exploração. Para inverter o cenário, garantiu que o Governo vai mobilizar parceiros estratégicos para reforçar a capacidade de mecanização, permitindo a abertura de canais, limpeza de valas e a drenagem necessária para garantir água e terra disponíveis aos produtores.
A aposta imediata recairá sobre a produção de arroz, cultura de referência no distrito, mas que nos últimos anos tem sido afectada pela falta de água e pela degradação das infraestruturas de irrigação. “Com estas intervenções, podemos alargar a irrigação dos actuais 3 mil para 10 mil hectares já nesta campanha”, assegurou.
Durante a visita de dois dias, Albino percorreu áreas de arroz, hortícolas e feijões, além do Complexo Agro-Industrial de Chókwè, o CEPAQ, o PAPA Pesca e a Estação Agrária do distrito. Em todas as unidades, encontrou sinais de abandono e deficiências que comprometem a retoma e sustentabilidade das actividades.
O CEPAQ, centro de referência regional em pesquisa de aquacultura, foi apontado como exemplo de investimento público mal aproveitado. O mesmo acontece com o PAPA Pesca, descrito pelo ministro como um modelo de economia circular e produção sustentável, mas que funciona abaixo do seu real potencial. “Precisamos resgatar estes esforços do passado e colocá-los ao serviço do nosso povo”, destacou.
Em termos práticos, Albino sublinhou a necessidade urgente de limpar 100 quilómetros do canal principal e valas de drenagem, estabilizar taludes próximos da ponte e reabilitar a comporta danificada que condiciona o fluxo de água para a região sul do regadio. Sem estas intervenções, advertiu, “a rega não será segura e os produtores continuarão a reduzir as áreas de cultivo”.
O governante recordou ainda que muitos agricultores já perderam culturas recentemente por falta de água, uma situação que não pode repetir-se. “A independência económica do país passa por garantir condições para que os camponeses produzam com segurança”, vincou.
A nova gestão do regadio passará para a alçada do Instituto Nacional de Irrigação, que criará duas unidades de coordenação: uma em Chókwè e outra no Baixo Limpopo. A medida visa dar maior proximidade operacional e assegurar a continuidade dos trabalhos de campo.
Para Albino, a aposta em Chókwè é estratégica e pode transformar o distrito num polo de referência agrícola para todo o país. “Temos de tornar estes activos motores de desenvolvimento. Não podemos continuar a perder oportunidades enquanto o povo carece de alimentos”, finalizou.