O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, anunciou nesta segunda-feira (29) a redução da taxa de juro diretora de 10,25% para 9,75%.
A decisão foi comunicada nesta segunda-feira (29) de Setembro, durante uma conferência de imprensa, em Maputo, referindo que a medida visa estimular o crédito e aliviar os custos de financiamento na economia.
Zandamela explicou que a medida resulta de uma avaliação detalhada da conjuntura macroeconómica e da trajetória da inflação, mas deixou claro que o cenário continua desafiante, exigindo prudência tanto da política monetária como da política fiscal.
“O Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro para criar melhores condições de financiamento à economia real. Contudo, mantemos a nossa atenção aos riscos que ainda persistem, sobretudo no plano fiscal e externo”, afirmou o governador.
De acordo com o banco central, embora haja sinais de recuperação em alguns setores, a economia moçambicana permanece sob forte pressão, marcada por constrangimentos orçamentais, efeitos climáticos adversos e limitações na capacidade produtiva.
O governador sublinhou que a inflação deverá manter-se em níveis relativamente altos no médio prazo, impulsionada pelos custos de importação, pela instabilidade cambial e pelos impactos das alterações climáticas na produção agrícola.
Zandamela frisou que a redução da taxa diretora não deve ser interpretada como um alívio generalizado, mas sim como um passo calculado para apoiar o crédito às empresas e famílias, ao mesmo tempo que se preserva a estabilidade financeira.
As despesas públicas previstas para 2025, estimadas em 454 mil milhões de meticais, foram apresentadas como um fator de pressão adicional. O montante representa um aumento de cerca de 38 mil milhões em relação ao desempenho de 2024, o que poderá agravar a situação fiscal do país.
“O equilíbrio entre disciplina orçamental e política monetária será determinante para garantir estabilidade macroeconómica e proteger os cidadãos contra os efeitos da inflação”, alertou o governador.
Zandamela reconheceu ainda que a economia enfrenta choques externos, incluindo a volatilidade dos preços internacionais de combustíveis e alimentos, fatores que podem comprometer a eficácia das medidas internas.
O banco central reafirmou que a trajetória da política monetária continuará dependente da evolução da inflação, do comportamento do crédito e do desempenho fiscal. O processo de normalização das taxas de juro, segundo Zandamela, será gradual e ajustado às condições do país.
Outro ponto destacado na conferência foi a vulnerabilidade do setor agrícola face a fenómenos climáticos extremos, que têm contribuído para a instabilidade dos preços de bens essenciais.
O governador defendeu que o país deve acelerar a implementação de projetos estruturantes, sobretudo em infraestruturas e energia, capazes de reforçar a resiliência da economia e reduzir a dependência de importações.
A próxima reunião do Comité de Política Monetária está marcada para 20 de novembro de 2025, altura em que o banco central voltará a avaliar os indicadores e decidir sobre eventuais ajustes adicionais.
No encerramento, Zandamela reafirmou o compromisso do Banco de Moçambique em “manter a estabilidade macroeconómica, salvaguardar o poder de compra dos cidadãos e criar condições para um crescimento sustentável da economia”.