A ausência de infraestruturas seguras para atravessar estradas é um dos fatores centrais que contribuem para o elevado número de acidentes rodoviários em Moçambique. Para Hermínio Guiamba, Coordenador Nacional do Projeto de Segurança Rodoviária para Crianças, a construção de pontes pedonais em zonas críticas não é apenas uma solução técnica, mas um imperativo social. “As pontes pedonais salvam vidas. São investimentos pequenos perante o custo humano e económico dos acidentes”, sublinha.
Guiamba reforça que a proteção dos peões é uma prioridade nacional. “Diariamente assistimos a tragédias evitáveis. Crianças, idosos e trabalhadores que atravessam vias movimentadas ficam expostos porque faltam infraestruturas seguras. A ponte pedonal é, portanto, uma medida indispensável”, afirma, evidenciando a urgência da intervenção.
Em Moçambique, a ausência de pontes pedonais em áreas urbanas com grande circulação é uma realidade que traduz riscos graves. Segundo dados de fontes oficiais, centenas de vidas são perdidas anualmente devido a atropelamentos e colisões em zonas onde não existem travessias seguras. O problema afeta especialmente escolas, hospitais, mercados e zonas comerciais.
Os custos decorrentes destes acidentes são igualmente significativos. Hermínio Guiamba alerta que além da perda de vidas, o Estado arca com despesas elevadas em reparações de infraestruturas, atendimento médico, indemnizações e perda de produtividade. “Estamos a falar de centenas de milhões de meticais que poderiam ser poupados se houvesse mais investimento em prevenção”, afirma.
A construção de pontes pedonais não deve ser vista como um gasto, mas como um investimento em segurança e cidadania. Guiamba destaca que esta medida alia proteção a eficiência: “Quando separam-se fluxos de peões e veículos, reduz-se o risco de atropelamentos e melhora-se a fluidez do trânsito”.
Apesar da importância, a implementação destas infraestruturas enfrenta obstáculos. Entre eles, estão a falta de planeamento urbano integrado, recursos financeiros insuficientes e atrasos burocráticos. “Infelizmente, muitas pontes começam a ser construídas e ficam incompletas por falta de coordenação e gestão eficaz. É preciso compromisso político”, enfatiza Guiamba.
A problemática vai além da construção física. É necessário criar um sistema integrado de segurança rodoviária. “A ponte pedonal precisa estar acompanhada de sinalização adequada, iluminação, fiscalização e campanhas educativas permanentes”, defende Guiamba, lembrando que apenas assim se assegura o efeito preventivo.
Em áreas onde já existem pontes pedonais, há relatos de redução significativa de acidentes. No entanto, o especialista alerta que a eficácia destas estruturas depende de manutenção contínua e fiscalização rigorosa. “Uma ponte sem sinalização ou iluminação é como uma estrada sem sinal de trânsito: perde parte do seu propósito”, observa.
A educação rodoviária é outro pilar essencial. “Não basta construir pontes. É preciso educar as pessoas, desde cedo, para respeitar a via pública. Isso significa formar condutores, peões e comunidades”, sublinha Guiamba, lembrando que este processo deve iniciar nas escolas.
O projeto liderado por Guiamba tem levado ações de sensibilização às comunidades e escolas, capacitando crianças e professores para a cultura de segurança rodoviária. Segundo ele, “a proteção começa pela formação e consciência. É fundamental envolver famílias e comunidades”.
Estudos recentes indicam que o investimento em pontes pedonais, aliado a campanhas educativas, reduz em mais de 40% os acidentes em zonas críticas. Guiamba defende que este modelo deve ser replicado em todo o país. “Temos provas de que funciona. O desafio é levar estas ações a escala nacional”.
A responsabilidade pela segurança pedonal não pode recair apenas sobre o Estado. Guiamba apela ao envolvimento do sector privado, cooperativas de transporte, autarquias e comunidades. “É uma questão coletiva. Todos temos papel a desempenhar para proteger vidas”, afirma.
Para Hermínio Guiamba, o futuro passa por um compromisso permanente com a segurança. “Construir pontes pedonais é urgente, mas o verdadeiro impacto só virá quando tivermos uma cultura de segurança consolidada. É um investimento em vidas, e vidas não têm preço”, conclui.