O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, defendeu, nesta segunda-feira (6) de Outubro, em Maputo, que a fé deve ser acompanhada por compromissos práticos com o desenvolvimento humano, apelando às confissões religiosas para que assumam um papel mais activo na promoção da paz, reconciliação e transformação social.
O Chefe do Estado falava na abertura da 8.ª Conferência Nacional Religiosa, um encontro que reuniu líderes de diferentes denominações sob o lema “Moçambique Primeiro – Cada Moçambicano Mensageiro de Transformação, Reconciliação e Paz”, onde destacou que a espiritualidade deve traduzir-se em atitudes concretas de solidariedade, ética e justiça social.
Para Daniel Chapo, o desafio da paz em Moçambique já não se resume ao cessar das armas, mas à criação de condições para uma convivência baseada em valores e oportunidades. “A transformação começa dentro de cada um de nós, mas deve estender-se à forma como nos relacionamos com os outros e com o nosso país”, disse, num discurso marcado pelo apelo à acção cívica.
O estadista recordou que, após anos de conflito e instabilidade, a sociedade moçambicana ainda carrega cicatrizes que exigem mais do que discursos inspiradores. “Somos um povo que soube renascer da dor, mas a paz precisa ser sustentada com justiça e prosperidade. Não basta falar de reconciliação — é preciso vivê-la nas comunidades, nas famílias e nas instituições”, afirmou.
O Presidente Chapo elogiou o contributo histórico das igrejas e comunidades religiosas na mediação de conflitos e no apoio social, mas desafiou-as a fortalecer o seu papel transformador. “A fé que não inspira mudança é apenas retórica. Precisamos de igrejas que formem consciências, que combatam a corrupção, que defendam a ética no trabalho e a solidariedade como valor nacional”, defendeu.
Num tom pedagógico, o Chefe do Estado insistiu que o futuro da paz depende tanto da espiritualidade quanto da justiça social. “A paz não pode ser privilégio de alguns, mas um bem colectivo, construído com base na inclusão, na dignidade e na igualdade de oportunidades”, declarou, acrescentando que o Estado está aberto a parcerias com as confissões religiosas na execução de políticas sociais.
Durante o encontro, vários líderes religiosos reconheceram que o país enfrenta um novo tipo de desafio: o da convivência num contexto de desigualdades crescentes e tensões sociais. Para eles, a missão espiritual passa agora por transformar os templos em espaços de reconciliação prática e de formação cívica.
A 8.ª Conferência Nacional Religiosa decorre num momento em que Moçambique procura consolidar um ambiente de paz duradoura, após anos marcados por episódios de instabilidade armada. Nesse contexto, as igrejas surgem como actores estratégicos não apenas da fé, mas também do desenvolvimento local.
Analistas presentes no evento destacaram que o discurso do Presidente Daniel Chapo representa uma viragem simbólica: o reconhecimento de que a religião pode e deve ser um pilar da governança social. “O país precisa de líderes espirituais que sejam também líderes comunitários, comprometidos com o bem comum”, sublinhou um dos intervenientes.
Chapo insistiu que o lema da conferência “Moçambique Primeiro” não é apenas uma proclamação patriótica, mas um convite à responsabilidade colectiva. “O destino da nossa nação não pertence apenas ao governo. Pertence a todos os moçambicanos, crentes ou não, que sonham com um país em paz e desenvolvimento”, afirmou.
O Presidente agradeceu às confissões religiosas pelo papel desempenhado na preservação da coesão nacional e reiterou o compromisso do Governo em fortalecer esta parceria. “Estaremos sempre ao vosso lado para ouvir, apoiar e trabalhar convosco para transformar a visão espiritual em políticas concretas que sirvam o povo”, garantiu.
Com esta conferência, Moçambique reforça a mensagem de que a fé não pode ser apenas refúgio espiritual, mas força motriz de mudança social. O desafio, como frisaram vários oradores, é transformar sermões em acções, templos em centros de esperança, e a paz em prática diária o verdadeiro testemunho de uma nação reconciliada com o seu futuro.







