Um violento confronto ocorrido nas minas de ouro de Lupilichi, em Tulo Calandani, província do Niassa, está a gerar preocupação e indignação entre trabalhadores e residentes locais, após a denúncia de que empresários chineses e seguranças privados terão protagonizado uma ação armada que deixou vários feridos.
De acordo com informações recolhidas no terreno na última terça-feira, o incidente envolveu a invasão de um estaleiro por um grupo de segurança privada alegadamente contratado por empresários chineses, com o objetivo de tomar o controlo da área mineira.
Durante a ofensiva, três seguranças moçambicanos foram sequestrados, tendo sido libertados horas depois, quando as autoridades locais intercetaram parte do grupo em fuga.
No ataque, cinco trabalhadores moçambicanos ficaram feridos, incluindo um que sofreu estilhaços na cabeça e encontra-se internado numa clínica privada na cidade de Lichinga, em estado considerado estável.
Fontes locais relataram momentos de pânico e destruição, com disparos e incêndios em algumas instalações, num episódio que expôs as tensões crescentes em torno da exploração de ouro na região.
Informações preliminares indicam que o ataque pode estar relacionado a uma disputa entre empresas chinesas rivais, que operam de forma paralela na extração mineira em Lupilichi, cada uma com o seu próprio contingente de segurança armada.
Segundo fontes comunitárias, cerca de 30 homens fortemente armados terão sido mobilizados para a incursão, numa ação que culminou em confrontos violentos e danos materiais consideráveis.
Moradores afirmam ainda que alguns agentes da polícia local poderão ter sido subornados para facilitar a fuga dos presumíveis agressores, o que adensa as suspeitas de cumplicidade e fragilidade no controlo das atividades mineiras naquela província.
Até ao momento, as autoridades policiais e governamentais do Niassa não emitiram um pronunciamento oficial sobre o caso, embora fontes da segurança pública tenham confirmado a abertura de um inquérito para apurar responsabilidades.
Organizações da sociedade civil e representantes das comunidades locais exigem transparência e intervenção urgente do Governo para travar o que consideram uma escalada perigosa de violência no setor mineiro.
O caso lança luz sobre o crescimento desordenado da mineração artesanal e empresarial na região norte do país, onde interesses económicos, nacionais e estrangeiros, frequentemente colidem num cenário de ausência de regulação e fiscalização eficaz.
Especialistas alertam que a falta de supervisão estatal e de políticas claras de segurança nas áreas de extração cria um ambiente propício a abusos, exploração laboral e conflitos armados, comprometendo o desenvolvimento sustentável do setor.
Enquanto se aguardam esclarecimentos oficiais, a população de Luplixe vive sob clima de medo e incerteza, temendo novos confrontos e apelando à presença reforçada das forças de ordem para garantir a segurança dos trabalhadores e residentes.