A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) está a preparar-se para dar um passo decisivo rumo à diversificação da sua matriz energética, com o lançamento de um projecto solar de 400 megawatts (MW) em Matambo, distrito de Changara, na província de Tete.
Embora ainda numa fase embrionária, o projecto reflete uma mudança estratégica no modelo de produção da empresa, que pretende alinhar-se às tendências globais de transição energética e sustentabilidade ambiental.
A iniciativa, integrada no Plano Capex Vital 10 Anos, conta com o apoio técnico e financeiro do Banco Mundial, e representa uma das apostas mais ambiciosas da HCB nos últimos tempos. Neste momento, decorrem estudos de pré-viabilidade técnica, de mercado e de impacto ambiental, que vão determinar a estrutura final do investimento.
Para a administradora-executiva Aida Mabjaia, responsável pela área de Recursos Humanos, Gestão de Projectos e Serviços Gerais, este projecto simboliza mais do que uma expansão da capacidade de geração. “Estamos a preparar a HCB para o futuro. Queremos que a empresa continue a ser um actor relevante no fornecimento de energia, mas com uma visão moderna e sustentável”, destacou.
A aposta na energia solar surge num contexto em que as alterações climáticas colocam desafios à produção hidroelétrica, especialmente em períodos de seca prolongada que reduzem os níveis de água na albufeira de Cahora Bassa. A Central Solar de Matambo funcionará, assim, como fonte complementar, permitindo à empresa manter a estabilidade do sistema e garantir fornecimento contínuo de energia.
Com este projecto, a HCB também reforça o seu compromisso com a redução das emissões de carbono e com as metas globais de energia limpa, num alinhamento directo com as políticas energéticas de Moçambique e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A escolha de Tete para acolher o investimento não é casual. A província apresenta altos índices de radiação solar e possui já infraestruturas energéticas e logísticas desenvolvidas, o que favorece a implementação de uma central de grande escala.
Para além da vertente técnica, a empresa antevê impactos socioeconómicos positivos, incluindo a criação de empregos locais, o desenvolvimento de pequenas e médias empresas associadas e o reforço da economia regional.
Mabjaia sublinhou ainda que o Plano Capex Vital não se limita à manutenção e reabilitação dos sistemas existentes, mas abre espaço para uma visão transformadora da HCB. “Queremos garantir que a empresa se mantenha competitiva, resiliente e capaz de responder às exigências do mercado energético actual”, afirmou.
O envolvimento do Banco Mundial é considerado um sinal de confiança na estratégia da HCB e na estabilidade institucional do sector energético moçambicano. A colaboração inclui assistência técnica e apoio na estruturação financeira do projecto.
A médio prazo, a empresa pretende que o investimento solar sirva como modelo de referência para outras iniciativas de energia renovável no país, estimulando novas parcerias e atraindo capital privado para o sector.
A HCB acredita que a integração entre fontes hídricas e solares poderá representar uma viragem histórica no sistema energético nacional, tornando Moçambique um exportador regional de energia limpa e contribuindo para a segurança energética da África Austral.
Com esta aposta, a HCB reafirma o seu papel não apenas como produtora de energia, mas como motor de inovação e desenvolvimento sustentável, comprometida em equilibrar rentabilidade, responsabilidade ambiental e impacto social positivo.







