O setor extrativo de Moçambique enfrenta um momento decisivo na integração econômica e social, com a necessidade de maximizar os benefícios para pequenas e médias empresas locais e profissionais qualificados.
Estima-se que, atualmente, mais de 450 empresas nacionais estão certificadas para prestar serviços em mega projetos de gás, mineração e energia, com capacidade de gerar milhares de empregos diretos e indiretos.
A mão de obra qualificada no país também é significativa. Dados de instituições técnicas e do Ministério do Trabalho apontam que há mais de 12 mil profissionais treinados em áreas críticas, como engenharia, soldagem industrial, manutenção, gestão de projetos e operação de equipamentos especializados.
Estes profissionais já atuam em empreendimentos estratégicos e podem ser alocados em novos projetos, caso haja coordenação adequada entre empresas, governo e instituições de formação.
“Não podemos aceitar que as oportunidades fiquem apenas com empresas estrangeiras; os recursos são do país, e o povo deve ser beneficiado diretamente”, afirmou Pedro Silva, secretário-geral da Academia do Conteúdo Local, durante uma entrevista a IsocNews, na sexta-feira 07 de Novembro, em Maputo, sobre formação de jovens para atender demandas reais do setor.
Silva criticou a prática de contratar predominantemente mão de obra externa para fornecimento de bens e serviços, reforçando que Moçambique possui técnicos qualificados e empresas locais capazes de atender a demanda de mega projetos. “A ideia de que não temos profissionais é uma falácia que precisa ser desmistificada. Temos técnicos formados localmente e internacionalmente, e eles podem ser preparados para atender necessidades específicas com treinamento adicional”, disse.
O secretário defendeu a criação de uma base de dados nacional de profissionais e empresas qualificadas, com o objetivo de mapear talentos e facilitar a alocação em projetos estratégicos.
Este sistema permitirá identificar lacunas técnicas, direcionar treinamentos e integrar de forma planejada as PMEs nacionais nos contratos de grande porte.
Segundo Silva, a integração de empresas nacionais é central para o desenvolvimento econômico sustentável. Dados do setor indicam que aproximadamente 60% das oportunidades de fornecimento de bens e serviços em mega projetos ainda são ocupadas por fornecedores estrangeiros, apesar da disponibilidade de empresas qualificadas no país.
No setor de gás e mineração, há casos de desinformação quanto à disponibilidade de mão de obra. Soldadores especializados, jardineiros industriais, técnicos agrícolas e operadores de equipamentos complexos muitas vezes são subestimados, criando barreiras artificiais à contratação de nacionais.
A iniciativa de conteúdo local busca corrigir essa visão e abrir oportunidades reais para profissionais e empresas moçambicanas, assegurando que a exploração de recursos naturais gere impactos econômicos e sociais tangíveis.
Além da capacitação técnica, Silva enfatizou a importância de treinamento prático contínuo, preparando profissionais para operações complexas, como manutenção de condutas submarinas, exploração offshore e atividades em regiões remotas.
“O argumento de que não há técnicos não é suficiente; precisamos garantir que a formação esteja alinhada às exigências dos projetos”, destacou Silva, reforçando a necessidade de padronização dos currículos em escolas técnicas e universidades.
O investimento estrangeiro continua sendo bem-vindo, mas deve ser acompanhado de estratégias que priorizem a integração de profissionais e empresas locais, incluindo transferência de tecnologia e parcerias com instituições de ensino técnico e superior.
O diálogo sobre oportunidades locais também abrange pequenas e médias empresas que fornecem serviços estratégicos. Muitos contratos podem ser alocados a operadores nacionais, fortalecendo cadeias produtivas, gerando emprego e promovendo inclusão econômica.
O setor extrativo demonstra que é possível combinar investimento externo com desenvolvimento local, garantindo que a riqueza natural se traduza em benefícios sociais e econômicos concretos.
Projetos estratégicos de gás e mineração em regiões remotas geram empregos diretos e indiretos, além de impulsionar infraestrutura, serviços comunitários e desenvolvimento regional.
A indústria enfrenta desafios logísticos, incluindo transporte, fornecimento de eletricidade e conectividade, que impactam diretamente na operação de empresas locais e estrangeiras. A superação desses obstáculos é essencial para aproveitar plenamente o potencial econômico do país.
O compromisso do setor é criar um ambiente regulado e transparente, em que empresas nacionais e estrangeiras operem conforme a legislação, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
Estudos internos indicam que a presença de profissionais e empresas locais reduz custos operacionais, aumenta eficiência e fortalece a governança dos projetos, tornando os investimentos mais seguros e rentáveis.
A nacionalização de oportunidades não significa substituir expertise estrangeira, mas sim integrar estrategicamente profissionais locais, garantindo transferência de conhecimento e sustentabilidade dos empreendimentos.
O mapeamento de habilidades permitirá identificar lacunas específicas, propor treinamentos direcionados e alinhar a oferta de profissionais às exigências técnicas dos projetos.
A participação efetiva de moçambicanos deve abranger funções técnicas, gerenciais e de coordenação de projetos, promovendo empoderamento e valorização do capital humano nacional.
Embora desafios persistam, há sinais claros de progresso: empresas nacionais estão cada vez mais presentes em contratos estratégicos, recebendo capacitação e desenvolvendo competências para atuar em alto nível.
A integração de profissionais e empresas locais é prioridade para garantir que os benefícios econômicos sejam distribuídos de forma equitativa e que a população participe do crescimento nacional.
As oportunidades devem se estender a regiões periféricas e áreas de exploração remota, promovendo desenvolvimento equilibrado em todo o território.
O setor reforça a importância de monitoramento contínuo e avaliação de impactos, garantindo que a implementação de projetos extrativos se traduza em melhorias concretas para a população.
A participação comunitária e empresarial deve ser incentivada, criando um ecossistema de investimento inclusivo, no qual todos os moçambicanos possam se beneficiar do potencial econômico do país.
O fortalecimento das capacidades locais é estratégico para reduzir dependência de expertise externa e aumentar autonomia do país no setor extrativo.
Pedro Silva reforçou que o objetivo do setor é unir investimento, capacitação e governança eficaz, transformando a riqueza natural em oportunidades concretas, sustentáveis e inclusivas para todos os moçambicanos.







