O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), em Nampula, apresentou esta quinta-feira um cidadão maliano de 55 anos, acusado de liderar uma rede clandestina de falsificação de documentos que permitia a entrada ilegal de estrangeiros no País e criava condições para o tráfico de seres humanos, incluindo menores.
A operação culminou com a apreensão de dezenas de documentos falsos e equipamentos usados na produção de identidades fraudulentas.
Segundo a porta-voz do SERNIC, Enina Tsinine, a estrutura funcionava numa residência localizada no Mercado Bombeiro, zona dos Poetas, transformada em agência de viagens de fachada. No local, os investigadores apreenderam 42 passaportes, bem como 30 capas de passaportes vazias, cédulas pessoais falsas, cartões do Sistema Nacional de Saúde, cartões de asilo, bilhetes de identidade e 15 carimbos de diversas empresas.
Tsinine explicou que o suspeito produzia não apenas documentos para adultos, mas também Cartões de Nascimento falsos, permitindo alterar a filiação de menores. “A partir da falsificação de documentos é possível trocar a identificação de uma criança, fazendo-a passar por filha de alguém que não é o seu progenitor. Isso facilita o seu tráfico para fora do País”, afirmou. A polícia considera este elemento como uma das provas mais graves do caso.
A porta-voz acrescentou que muitos dos passaportes apreendidos não possuem visto de entrada em Moçambique, o que confirma a prática de imigração ilegal. A criação de novas identidades incluindo cédulas pessoais e nascimentos falsos tornava possível que cidadãos estrangeiros adquirissem documentos moçambicanos e, em alguns casos, até avançassem para processos de tentativa de nacionalização.
Além da falsificação documental, o suspeito enfrenta acusações de tráfico de seres humanos, por alegadamente usar as identidades adulteradas para facilitar a circulação de menores e adultos fora de controlo migratório.
A operação, desencadeada após denúncias recebidas a 27 de Outubro, permitiu a sua neutralização na quarta-feira.
O indiciado refuta as acusações, alegando que possui uma agência de viagens legal há dez anos e que apenas ajudava clientes estrangeiros a tratar documentos como passaporte, DIRE e alvarás.
“Tenho 55 anos, sou maliano. Tenho uma agência de viagens com contabilista. Ajudava as pessoas a conseguir DIRE, alvará. Estes documentos são dos meus clientes”, afirmou.
O SERNIC garante, contudo, que as investigações vão prosseguir para identificar a dimensão da rede, o número de beneficiários dos documentos falsos e o eventual envolvimento de terceiros. As autoridades consideram o caso como um dos mais significativos dos últimos anos em Nampula no que toca à alteração de identidades e aos riscos de tráfico humano.








