Os líderes dos países do BRICS reiteraram esta semana, no Rio de Janeiro, o compromisso de impulsionar uma nova ordem internacional mais equitativa, com maior inclusão do Sul Global na tomada de decisões mundiais.
A posição foi firmada na 17.ª Cúpula do bloco, marcada pela aprovação da Declaração do Rio de Janeiro, que defende o fortalecimento do multilateralismo, a reforma das instituições internacionais e a oposição ao unilateralismo e ao protecionismo.
Durante os dois dias da cimeira, os chefes de Estado e de Governo enfatizaram que a atual estrutura global não responde aos desafios contemporâneos e perpetua desigualdades históricas. A expansão do BRICS, com a recente adesão de países como Indonésia e Etiópia, é vista como um passo decisivo para transformar o bloco numa força representativa e promotora de equilíbrio entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Na sessão plenária com o tema “Paz, Segurança e Reforma da Governança Global”, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, apelou à construção de um sistema internacional mais justo. Para ele, o BRICS deve liderar os esforços por reformas institucionais, encorajando a consulta multilateral, o respeito à soberania e a solução pacífica de controvérsias.
A cúpula também destacou a urgência de se revitalizar o comércio internacional e enfrentar o aumento das tensões económicas globais. O bloco defendeu uma economia mundial aberta, com ênfase no comércio intrabloco e uso de moedas locais, como forma de reduzir a dependência de sistemas financeiros dominados por potências ocidentais.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, sublinhou que o BRICS está “em posição única para promover reformas nas estruturas de governança global”. Para ele, o bloco já molda os debates internacionais sobre segurança, desenvolvimento sustentável e justiça climática, e precisa ampliar essa influência com ações concretas.
Também presente no encontro, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, considerou o BRICS uma oportunidade histórica para corrigir distorções institucionais. Ele defendeu que a voz dos países em desenvolvimento seja ouvida e valorizada, e que a reforma das organizações internacionais acompanhe as transformações geopolíticas em curso.
Atualmente, os países do BRICS representam mais da metade da população mundial, quase 30% do PIB global e mais de 50% do crescimento económico. Especialistas apontam que essa representatividade deve ser traduzida em maior peso político no sistema multilateral, reforçando a multipolaridade como alternativa ao domínio das grandes potências tradicionais.
Em encontros paralelos, o primeiro-ministro chinês reforçou com líderes como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, a intenção da China de trabalhar por uma globalização mais justa e pela reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), com foco na equidade entre nações.
A cimeira foi encerrada com apelos unânimes à cooperação solidária, ao diálogo e à preservação da paz global. Para os líderes do bloco, o BRICS simboliza uma plataforma capaz de construir um futuro onde a voz do Sul Global não apenas ecoe, mas influencie verdadeiramente os rumos do mundo.







