A desnutrição crônica afeta uma em cada três crianças menores de cinco anos em Moçambique, comprometendo o seu desenvolvimento físico e cognitivo.
Para enfrentar este desafio, o Governo através do Ministerio da Economia, em parceria com organizações da sociedade civil e organismos internacionais, está a reforçar a estratégia de fortificação de alimentos como solução sustentável e eficaz.
A secretária de Estado da Indústria, Custódia Paúde, disse durante a cerimónia de abertura da capacitação realizada em Maputo, existir esforços conjuntos para combater a falta de micronutrientes fundamentais para a fortificação de alimentos essenciais.
Falando ao longo do workshop sobre a estratégia Full Strategy e a monitoria de mercado, com o envolvimento direto da sociedade civil, Paúnde referiu que as acções levadas a cabo pelo governo e parceiros visa salvaguardar o bem-estar da população.
“O combate à carência de micronutrientes passa necessariamente por um esforço coletivo. É com enorme satisfação que acolhemos este workshop sobre a estratégia Full Strategy e a monitoria de mercado, com o envolvimento direto da sociedade civil”, declarou Custódia Paúde, secretária de Estado da Indústria, durante a cerimónia de abertura da capacitação realizada em Maputo.
A ação, promovida no âmbito do Programa Nacional de Fortificação de Alimentos, contou com o apoio técnico e financeiro do UNICEF, da Food Fortification Alliance (FFA) e da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC). Participaram representantes da PROCONSUMAS, de orfanatos, de associações industriais e outras entidades ligadas à produção e distribuição alimentar.
“A fortificação representa a espinha dorsal do nosso programa nacional. Só nos últimos seis anos, produzimos mais de 13 milhões de toneladas métricas de alimentos fortificados”, afirmou Custódia Paúde, sublinhando a necessidade de reforçar a vigilância na distribuição e venda dos produtos.
A fortificação alimentar consiste na adição de vitaminas e minerais essenciais como ferro, zinco e vitamina A em alimentos de largo consumo como óleo, farinha, açúcar e sal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esta prática uma das mais custo-efetivas para prevenir deficiências nutricionais, sobretudo em países de baixo rendimento.
O workshop teve como objetivo capacitar técnicos e membros da sociedade civil para a recolha e análise de dados sobre alimentos fortificados no mercado. “Precisamos garantir que o que é produzido com os padrões exigidos chegue às mãos dos consumidores com qualidade e segurança”, frisou Paúde.
Eduarda Mungoi, coordenadora do Cofam, assegurou que a iniciativa visa identificar produtos que não cumprem com o Decreto n.º 9/2016. “A nossa prioridade é assegurar que os produtos comercializados estejam realmente fortificados, tal como indica a legislação”, disse.
Segundo a dirigente, o foco atual está em garantir que pequenas moageiras estejam em conformidade com as exigências. “As grandes indústrias estão a fortificar os seus produtos. Agora estamos a trabalhar com as pequenas para garantir qualidade real, comprovada por análises laboratoriais”, explicou.
Zanda Mella Manguei, coordenadora do programa em Sembíquio, salientou os ganhos alcançados até aqui. “A fortificação ajuda a prevenir doenças, reduzir a mortalidade infantil e melhorar o desempenho escolar. Trata-se de uma estratégia que salva vidas, silenciosamente, todos os dias”, afirmou.
A dirigente reiterou que o sucesso do programa depende do compromisso de todos os setores. “Se todos estivermos informados e comprometidos, vamos reduzir significativamente os índices de deficiência de micronutrientes no país”, disse Manguei.
Apesar dos progressos, persistem desafios. O desconhecimento da população sobre a fortificação alimentar e a existência de regiões com acesso limitado a produtos de qualidade são entraves identificados.
“A educação do consumidor será o próximo foco da nossa intervenção. Vamos apostar em campanhas de sensibilização para que cada cidadão compreenda a importância de consumir alimentos fortificados e saiba identificar marcas certificadas”, garantiu Custódia Paúde.
O Governo pretende atingir um nível de conformidade superior a 80% até 2030, assegurando que todos os moçambicanos tenham acesso a alimentos enriquecidos, independentemente da sua condição económica ou local de residência.
“Estamos a trabalhar para um Moçambique mais forte e mais saudável. Mas precisamos da participação de todos: governo, sociedade civil, setor privado e comunidade”, concluiu a secretária de Estado da Indústria.