A decisão da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) de excluir o Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica de Chimoio do Moçambola 2025 voltou a colocar em evidência a fragilidade da gestão desportiva nacional.
O episódio, marcado por acusações de falta de transparência e alegada perseguição, ameaça não só o futuro do clube como também a credibilidade da própria federação.
O anúncio foi feito pelo presidente da FMF, Feizal Sidat, que justificou a medida com base em atrasos salariais, alegando que o Textáfrica não cumpriu com os regulamentos que impõem o pagamento pontual aos atletas. Contudo, a direção do clube contesta veementemente a acusação, afirmando que a dívida é mínima e dentro de um prazo aceitável.
Para o presidente do Textáfrica, Sérgio Pereira, trata-se de um processo mal conduzido e politicamente motivado. “Não podemos aceitar que um clube com a nossa história seja afastado de forma sumária, sem diálogo e com base em dados distorcidos”, afirmou, visivelmente indignado.
O caso transcende a esfera desportiva, tocando na relação desigual entre as estruturas federativas e os clubes. O Textáfrica, primeiro campeão nacional de Moçambique após a independência, simboliza um património cultural e desportivo que, segundo dirigentes e adeptos, deveria merecer maior consideração nas instâncias decisórias.
A situação gerou um clima de tensão em Manica, onde autoridades locais e simpatizantes do clube prometem mobilizar-se para contestar a decisão. Há também quem questione se o rigor aplicado ao Textáfrica é o mesmo reservado a outros clubes com mais influência política e financeira.
Internamente, a FMF defende que está apenas a aplicar os regulamentos e que a integridade do Moçambola depende do cumprimento estrito das obrigações contratuais. No entanto, a percepção pública é de que falta coerência e comunicação no processo.
A direção do clube pretende convocar uma assembleia geral para decidir se continua a participar no Moçambola ou se abandona a competição como forma de protesto. Tal cenário abriria um precedente perigoso, podendo inspirar outros clubes a confrontar abertamente a federação.
Especialistas em gestão desportiva alertam que episódios como este prejudicam a imagem do futebol moçambicano, afastam patrocinadores e reduzem o interesse do público. “O desporto precisa de estabilidade e regras claras, não de decisões abruptas que alimentam desconfiança”, observa um analista local.
O impasse segue sem solução imediata, e o futuro do Textáfrica no Moçambola permanece incerto. Entretanto, o episódio deixa uma marca profunda no debate sobre governança e justiça no futebol nacional.