O ex-ministro e candidato da oposição, Issa Tchiroma, declarou-se vencedor das eleições presidenciais realizadas no domingo, nos Camarões, antecipando-se ao anúncio oficial dos resultados.
A reivindicação, feita através das redes sociais, gerou apreensão num contexto político já marcado por desconfiança e polarização.
Na sua mensagem, Tchiroma afirmou que “a vitória é clara e deve ser respeitada”, apelando ao atual Presidente, Paul Biya, para que reconheça “a verdade das urnas” e evite “mergulhar o país no caos”.
O opositor, que se apresenta como o principal desafiante do regime, sublinhou que “o povo escolheu e essa escolha deve ser respeitada”, numa clara contestação à continuidade de Biya, que governa o país há 43 anos e, aos 92 anos, procurava mais um mandato.
As autoridades camaronesas reagiram com firmeza, alertando que a divulgação de resultados antes da decisão do Conselho Constitucional constitui uma violação da lei eleitoral. “Esta é a linha vermelha que não deve ser ultrapassada”, advertiu uma fonte oficial em Yaoundé, sublinhando que o processo deve seguir o seu curso legal.
Até ao momento, nem o Governo nem a Comissão Eleitoral tornaram pública a taxa de participação nem forneceram dados preliminares sobre a votação.
O Conselho Constitucional apenas garantiu que os resultados finais serão anunciados antes de 26 de outubro, mantendo em suspenso o desfecho de um escrutínio considerado crucial para o futuro político do país.
Analistas políticos observam que a declaração prematura de vitória por parte da oposição pode inflamar tensões e criar um ambiente de instabilidade.
Nos últimos anos, os Camarões têm enfrentado protestos e episódios de violência ligados a processos eleitorais contestados, sobretudo nas regiões anglófonas, onde a desconfiança em relação ao poder central permanece elevada.
Aos 92 anos, Paul Biya é um dos líderes mais longevos de África, tendo resistido a diversas crises políticas e pressões internacionais.
Caso vença novamente, o seu mandato poderá estender-se até 2032, num cenário que muitos consideram insustentável face ao desgaste institucional e social que o país atravessa.
Enquanto se aguarda a divulgação oficial dos resultados, o clima político nos Camarões permanece tenso, com as forças de segurança em alerta e a população dividida entre a esperança de mudança e o receio de uma nova onda de instabilidade.