A relação económica entre Moçambique e Zâmbia entra numa nova fase com a assinatura, esta quinta-feira (23 de Outubro), em Lusaka, de um acordo para a implementação da Fronteira de Paragem Única (FPU) entre Cassacatiza e Chanida.
A medida promete revolucionar o fluxo de bens e pessoas entre os dois países, tornando o comércio regional mais rápido, eficiente e competitivo.
Com este novo modelo de gestão fronteiriça, os viajantes e transportadores deixarão de realizar procedimentos duplicados nos dois lados da fronteira. As operações de controlo e despacho passam a ocorrer num único posto, gerido de forma conjunta pelas autoridades moçambicanas e zambianas.
A redução do tempo de trânsito, a diminuição de custos operacionais e a melhoria da segurança são alguns dos ganhos esperados. A iniciativa surge num momento em que ambos os países procuram modernizar os seus sistemas aduaneiros e reforçar o papel dos corredores de transporte regionais.
De acordo com o ministro moçambicano dos Transportes e Logística, João Jorge Matlombe, a Fronteira de Paragem Única constitui um passo decisivo na integração económica da região. “Queremos tornar o comércio transfronteiriço mais previsível, rápido e transparente, criando condições para que os nossos empresários operem num ambiente moderno e competitivo”, afirmou.
A FPU Cassacatiza/Chanida integra uma estratégia mais ampla de desenvolvimento dos Corredores da Beira e de Nacala, que servem de ligação directa entre o interior da África Austral e o Oceano Índico. Estes corredores são vistos como alternativas logísticas seguras e eficientes para o escoamento de mercadorias da Zâmbia, Malawi e outros países sem litoral.
Para o ministro zambiano das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, Mulambo Haimbe, a implementação deste modelo é um sinal de confiança mútua e de visão partilhada. “Este acordo representa mais do que uma cooperação técnica; é uma aposta no futuro económico comum dos nossos povos”, destacou.
O novo sistema fronteiriço deverá também impulsionar o comércio informal transfronteiriço, que sustenta milhares de famílias em ambos os lados, ao simplificar os processos de circulação de produtos agrícolas e bens de consumo.
Especialistas em integração regional consideram que a FPU Cassacatiza/Chanida poderá servir de modelo para outras fronteiras africanas, mostrando como a cooperação bilateral pode traduzir-se em ganhos reais para as economias e para os cidadãos.
Com este acordo, Moçambique reforça a sua posição estratégica como plataforma logística da África Austral, ao mesmo tempo que consolida a sua ligação com a Zâmbia — um parceiro fundamental na dinamização dos fluxos comerciais da região.
A implementação da Fronteira de Paragem Única é, assim, mais do que uma medida administrativa: é um símbolo do compromisso político e económico entre dois países que apostam na integração e no desenvolvimento partilhado.







