O Governo arrecadou 263,8 mil milhões de meticais em receitas, equivalentes a 68,4% da meta anual, e realizou 314,2 mil milhões de meticais em despesas, correspondentes a 61,3% do previsto para 2025, segundo o Balanço do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) referente ao terceiro trimestre de 2025.
Os dados foram analisados pelo Conselho de Ministros, reunido na sua 36.ª Sessão Ordinária, realizada a 28 de outubro de 2025, e revelam um cenário de estabilidade macroeconómica, apesar das restrições financeiras e dos desafios conjunturais.
De acordo com o relatório, dos 283 indicadores do PESOE 2025 avaliados, 77% (219) registaram desempenho positivo, enquanto 23% (64) apresentaram resultados negativos.
O Executivo considera que o desempenho global demonstra uma evolução satisfatória, com ganhos na gestão orçamental e na execução das políticas públicas.
O documento destaca ainda a estabilidade dos principais indicadores macroeconómicos, nomeadamente o aumento das Reservas Internacionais Líquidas, que passaram a cobrir cinco meses de importações, acima da meta de 4,7 meses.
Outro dado relevante é a inflação controlada, que se manteve em 4,1%, abaixo dos 7% previstos para o conjunto do ano. Segundo o Governo, o comportamento dos preços reflete a estabilidade cambial e as medidas de política monetária adotadas pelo Banco de Moçambique.
Em comparação com o ano anterior, as receitas cresceram 0,6% em termos nominais, superando ligeiramente os 262,3 mil milhões de meticais arrecadados em 2024. Já a despesa total registou uma redução real de 15,8%, resultado do ajustamento fiscal e da contenção de gastos em áreas não prioritárias.
Para o economista Armando Chissano, os números “retratam um esforço considerável do Governo em manter o equilíbrio orçamental num ambiente económico ainda volátil”. O analista destaca que “a estabilidade da inflação e o aumento das reservas são sinais de prudência e boa gestão, mas o crescimento modesto das receitas demonstra que a recuperação económica ainda é frágil”.
Já a analista financeira Sílvia Muanha adota uma perspetiva mais reservada. Para ela, “a estabilidade apresentada é positiva, mas esconde um problema de fundo: a baixa capacidade de execução de investimentos públicos e a dependência de fontes externas de financiamento”. Muanha alerta que “sem dinamizar o setor produtivo, será difícil sustentar o equilíbrio orçamental no médio prazo”.
O Executivo reafirma que os resultados refletem resiliência económica num contexto internacional adverso, marcado por incertezas nos mercados globais e pelos impactos das mudanças climáticas. O foco, segundo o Governo, permanece na consolidação fiscal, aumento da arrecadação interna e promoção da produção nacional.
O Conselho de Ministros reconheceu ainda a necessidade de melhorar a execução orçamental no último trimestre de 2025, priorizando investimentos com maior impacto social e projetos estruturantes nas áreas de educação, saúde e infraestruturas.
Com o desempenho observado até setembro, o Governo mantém otimismo moderado quanto ao cumprimento das metas anuais do PESOE 2025, considerando que a estabilidade macroeconómica conquistada é um fator essencial para o planeamento e sustentabilidade do próximo exercício económico.








