O sociólogo moçambicano Elísio Macamo alertou, nesta terça-feira, para a necessidade de moderação e reflexão diante de situações de descontrole social, principalmente em tempos de crise, quando a confiança da população nas autoridades de segurança pública é baixa.
Macamo falou durante a Oficina de Ideias, promovida pelo Manifesto Cidadão, sob o tema “Responsabilidade da Juventude em Tempos de Crise”, iniciativa que reuniu jovens universitários, membros da sociedade civil e especialistas em governação e desenvolvimento social.
“Em períodos de instabilidade, cada cidadão deve agir com consciência. É fundamental manter a calma e buscar soluções através do diálogo, evitando a impulsividade que pode agravar problemas sociais”, disse Macamo.
As oficinas são espaços regulares de debate público, realizadas em universidades, escolas, associações e fóruns cívicos, com o objetivo de estimular a cidadania ativa, reflexão crítica e a formulação de propostas para o fortalecimento da democracia em Moçambique.
Durante a sessão, Macamo destacou que a juventude tem um papel central na construção de uma sociedade participativa e coesa, lembrando que ações responsáveis dos jovens podem servir de exemplo para toda a comunidade.
“Vocês são agentes de mudança. A forma como respondem aos desafios do país influencia diretamente a confiança da sociedade nas instituições e fortalece a democracia”, sublinhou o sociólogo.
Entre os presentes, a estudante universitária Ana Tavares comentou: “Esta oficina mostrou que a nossa voz pode ser ouvida. Podemos contribuir com ideias práticas para melhorar a vida das nossas comunidades.”
Outro participante, José António, destacou a importância da formação em cidadania: “Entender os impactos das nossas ações e das políticas públicas ajuda-nos a tomar decisões mais responsáveis.”
A discussão abordou ainda a assinatura de memorando de entendimento entre Moçambique e a República do Ruanda. Macamo afirmou que o ato transmite à população a percepção de dependência do país e evidencia a necessidade de reforço da capacidade de gestão e defesa nacional.
“Mesmo quando o país participa de acordos internacionais, os moçambicanos devem acompanhar e questionar decisões que envolvem interesses estratégicos nacionais”, explicou o sociólogo.
O debate incluiu também temas como segurança pública, educação, participação política e mecanismos para enfrentar os desafios atuais da sociedade moçambicana.
Os jovens participantes foram convidados a propor soluções inovadoras e práticas que pudessem ser implementadas localmente, promovendo a participação ativa da juventude na vida cívica.
“É essencial que os jovens se envolvam e percebam que têm responsabilidade direta sobre o futuro da sociedade. Cada ação conta”, reforçou Macamo, apelando à modéstia e à reflexão coletiva.
O diretor do Manifesto Cidadão destacou que as oficinas são fundamentais para estimular o pensamento crítico e preparar a juventude para desafios sociais e políticos.
“Queremos que os jovens entendam a importância de cada decisão e se sintam empoderados para influenciar mudanças positivas no país”, disse o responsável.
O evento foi considerado produtivo, com troca de ideias construtiva entre especialistas, jovens e membros da sociedade civil, criando um ambiente de debate saudável e participativo.
Para ampliar o alcance das discussões, o Manifesto Cidadão anunciou que novas oficinas serão realizadas em outras províncias, garantindo maior envolvimento da juventude e reforço do compromisso com a cidadania ativa.
Macamo reafirmou: “A responsabilidade da juventude é fundamental. É através dela que Moçambique poderá enfrentar crises e avançar em direção a uma sociedade mais justa, participativa e democrática.”