Num contexto em que as mudanças climáticas ameaçam a estabilidade da produção alimentar, jovens formandos do Instituto Agrário de Boane (IAB) estão a dar um contributo significativo para a investigação agrícola no país. O grupo participa activamente num ensaio de campo conduzido pela Estação Agrária de Umbeluzi, centrado na avaliação de diferentes variedades de arroz em condições hídricas variáveis.
O estudo, que envolve 50 variedades submetidas a três níveis distintos de água, procura compreender como o arroz reage a cenários de seca e excesso de humidade, condições que se têm tornado cada vez mais frequentes nas regiões agrícolas moçambicanas. A iniciativa visa identificar espécies mais resistentes e adaptáveis, capazes de garantir a continuidade da produção alimentar em tempos de incerteza climática.
Segundo os responsáveis do projecto, o envolvimento dos estudantes representa um passo importante para aproximar o ensino técnico da prática científica. “Estamos a formar técnicos que não só compreendem as dinâmicas do campo, mas que também participam activamente na busca de soluções para problemas reais da agricultura”, explicou um dos coordenadores do ensaio.
Os jovens formandos do IAB desempenham funções diversas no processo experimental, desde a monitoria do crescimento das plantas até à recolha e análise de dados. Essa integração prática permite-lhes desenvolver competências em investigação agronómica e gestão de recursos hídricos, áreas consideradas estratégicas para o futuro da agricultura nacional.
Para muitos dos participantes, a experiência constitui uma oportunidade única de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. “Sentimo-nos motivados por saber que o nosso trabalho pode ajudar os agricultores a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas”, afirmou uma das formandas envolvidas na pesquisa.
A Estação Agrária de Umbeluzi, que acolhe o ensaio, tem sido um espaço de referência em investigação aplicada, acolhendo parcerias com instituições académicas e organismos governamentais. O centro pretende, com este estudo, gerar dados científicos que orientem futuras políticas públicas de adaptação climática no sector agrícola.
Os técnicos do projecto destacam que o arroz, sendo um dos cereais mais consumidos em Moçambique, enfrenta crescentes desafios de produção devido à irregularidade das chuvas e à escassez de água em certas regiões. Por isso, a procura de variedades resistentes à seca é vista como uma prioridade estratégica para a segurança alimentar.
Além dos resultados científicos esperados, o ensaio tem uma dimensão formativa e social. Ele reforça a importância da participação juvenil no desenvolvimento rural e desperta entre os estudantes o interesse pela investigação como caminho profissional e instrumento de transformação social.
O projecto integra ainda componentes de sensibilização ambiental, incentivando práticas agrícolas sustentáveis e o uso eficiente dos recursos naturais. Tais práticas são essenciais para mitigar os impactos ambientais e assegurar a produtividade a longo prazo.
De acordo com os responsáveis pela Estação Agrária, os resultados preliminares já evidenciam o comportamento distinto entre as variedades testadas, o que abre caminho para futuras fases de experimentação e selecção. A expectativa é que as variedades mais promissoras possam ser reproduzidas e distribuídas a produtores locais.
A experiência dos formandos do IAB em Umbeluzi simboliza o papel crescente da juventude na inovação agrícola e na adaptação climática. Mais do que um exercício académico, o ensaio representa um compromisso colectivo com a ciência, a sustentabilidade e o futuro da agricultura moçambicana.







