Como tem sido frequente, na época festiva do Natal e fim do ano, que coincide com as férias escolares e de muitos trabalhadores, a procura do transporte aéreo para chegar a vários destinos aumenta. Este ano, a nossa companhia de bandeira, as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) estão mais uma vez a praticar preços proibitivos.
Na mesma companhia, o bilhete de ida e volta entre Maputo e Lisboa está disponível a praticamente mesmo preço (pouco mais de 30 mil meticais) e os clientes questionam-se da razão desta disparidade de preços e chegam a apelida-la de especulação descontrolada e até mesmo abusiva.
“Será que não existe uma tarifa máxima, por exemplo, para o percurso entre Nampula e Maputo? Então porque subir o preço em função da procura. Os valores cobrados hoje por apenas uma ida, correspondem a muito mais que uma ida e volta em período morto do turismo doméstico”, comentou um passageiro.
Aliás, um passageiro visivelmente indignado com a situação questionou se a autoridade da aviação civil moçambicana tem algum controlo sobre os preços resultantes deste monopólio das LAM, que, ainda por cima, segundo suas palavras “presta um serviço medíocre em quase todos sentidos”, principalmente nos horários, disse.
“Quando comprei o bilhete para o voo do dia 14 de Dezembro, entre Nampula e Maputo, a partida estava marcada para as 20.20h. Mas passei a noite no aeroporto por causa dos adiamentos de horários e só consegui embarcar na noite do dia 15”, disse o passageiro que optou pelo anonimato.
Durante uma breve pesquisa no recinto do aeroporto foi possível ter a informação segundo a qual os passageiros que pretendem viajar no país ficam expostos aos constantes adiamentos e atrasos das aeronaves sem qualquer informação prévia e muito menos um pedido de desculpas ou reposição dos danos.
“O passageiro tem que se sujeitar a eles e nunca o contrário, pois se cancelas a viagem tens que pagar uma taxa ao remarcar”, referiu outro passageiro.
Como forma de buscar a veracidade dos factos arrolados pelos passageiros da companhia nacional buscamos entender do gestor de comunicação da LAM, Norberto Mucopa oque estaria por detrás destes acontecimentos cíclicos e já bem conhecidos; este começou por dizer que os passageiros fazem a aquisição dos bilhetes tarde sem olharem para a data na qual pretendem viajar.
“A diferença que nós moçambicanos temos com os europeus é que compramos a passagem tarde. Por exemplo, é normal os europeus a esta altura estarem a comprar bilhetes de passagem para viajarem em Agosto do próximo ano. Assim conseguem comprar as tarifas mais acessíveis. Posso fazer um desafio e simular uma reserva para essa época do próximo ano”, disse.
Para Mucopa o bilhete de avião não é como o de carro. E avançou que o que determina o preço é a antecedência da compra e a disponibilidade de lugares. “Conforme vão acabando os lugares, os preços vão subindo”, rematou.
Perante a pergunta sobre os preços praticados por esta companhia, para voos com destino a Lisboa, que chegam a ser mais acessíveis que um percurso doméstico, Mucopa justificou que existe um referencial mínimo que, por exemplo, neste momento para aquele país europeu são 23 mil meticais.
“Ir a Portugal pode chegar a 300 mil ida e volta por exemplo se comprar na business ou demorar a comprar. Aqui a questão é demorar a comprar. No avião é assim. No mesmo avião, você pode ir no percurso Nampula – Maputo a pagar 12 mil e o seu passageiro ao lado pagar 22 mil”, disse.